Em todo o Brasil, acontecerá a Marcha do Silêncio, em homenagem às vítimas da ditadura civil-militar. Um silêncio que diz muito. Que fala sobre a censura ao direito à memória e à verdade. Hoje, 31 de março, é um dia de descomemoração do golpe civil-militar no Brasil que instaurou uma ditadura que sequestrou, torturou e assassinou tantos brasileiros e brasileiras. São seis décadas de um trauma na História que segue sendo silenciado, distorcido e até mesmo posto em negação. Este trauma persiste no presente com práticas de militarização, torturas, encarceramento em massa, genocídio, assassinatos de defensores de direitos humanos, violações e atentados ao Estado democrático de Direito.
Hoje, nós, engenheiros e engenheiras organizados na Fisenge (Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros), evocamos o direito à memória e à verdade, rememorando a história do engenheiro e político brasileiro Rubens Paiva, sequestrado e brutalmente assassinado pela ditadura civil-militar, em 1971. Rubens Paiva inspirou a Lei do Salário Mínimo Profissional da Engenharia e discursou na Rádio Nacional no dia 1º de abril de 1964: “É indispensável, entretanto, para isso, que o Presidente e o governo contem com toda a mobilização da opinião pública, com todos os trabalhadores, estudantes, intelectuais e o povo em geral, para que pacífica e ordeiramente digam um basta a esses golpistas que pretendem, cada vez mais, prestigiar a pequena minoria privilegiada. Está lançado inteiramente para todo o país o desafio: de um lado a maioria do povo brasileiro, desejando as reformas e desejando que a riqueza se distribua, ao lado da legalidade do Presidente João Goulart. Os outros são os golpistas que devem ser repelidos e desta vez definitivamente para que o nosso país veja realmente o momento da sua libertação raiar”.
Que o Brasil siga os passos de irromper o silêncio pelo direito à memória e à verdade por um projeto de nação comprometido com solidariedade e soberania nacional.
Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros