Neste dia de luta pela vida das mulheres, a única comemoração possível é aquela que presta homenagens ao legado daquelas que enfrentaram o machismo e se tornaram pioneiras, abrindo caminhos para as que viriam depois. Foi lembrando a história de Edwiges Maria Becker, primeira mulher engenheira do Brasil, que o Senge RJ destacou a importância do 8 de março em suas redes.
Em 1918, depois de anos de resistência e machismo por parte de colegas e professores, Edwiges foi diplomada engenharia geógrafa pela Escola Polytechnica da UFRJ. Dois anos depois, colou grau como engenheira civil na mesma universidade. Uma vez formada, Edwiges passou a integrar a Inspetoria Federal de Portos, Rios e Canais do Ministério da Viação, onde trabalhou até a aposentadoria.
Cento e quatro anos depois da formatura da primeira engenheira, as mulheres ainda não conquistaram a justa igualdade no mercado de trabalho. Quanto ao machismo, avançamos pouco. Os índices de feminicídio bateram recorde em 2023, 9o ano de crescimento contínuo no número de mortes: foram 10.655 vidas interrompidas unicamente por serem mulheres, segundo pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Os desafios persistem e, em um país assolado pelo fundamentalismo neopentecostal e pelo fascismo, elas ainda estão longe de estarem seguras. Seguem na luta por suas vidas, pelo direito sobre o próprio corpo, por respeito e igualdade no mercado de trabalho e pela efetiva transformação da sociedade.
Fisenge traz a voz das engenheiras
Alguns destes temas foram tratados por engenheiras que participaram da campanha do Coletivo de Mulheres da Fisenge (Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros) ao longo da semana. Com o tema “Pela vida das mulheres, pelo povo negro e indígena, por justiça ambiental e pela reestatização das empresas públicas estatais”, a Fisenge publicou um vídeo por dia, desde 04/03. O card de 8 de março fechou a campanha.
De acordo com a engenheira química e diretora da mulher da Fisenge, Simone Baía, a campanha tem o objetivo de dialogar sobre a função social da engenharia com a vida das mulheres. “Vivemos internacionalmente um momento de emergência climática e são as mulheres que sofrem primeiro com sede, com fome, carregando baldes de água ou com os filhos doentes com a falta de saneamento. Falar de justiça ambiental significa falar de direito à água e ao saneamento”, explicou Simone que ainda acrescentou: “a luta sindical das mulheres está alinhada com a mobilização social pela reestatização das empresas públicas e estatais, em especial a Eletrobras e as empresas de saneamento. Nenhuma privatização do mundo deu certo. Só assistimos as contas aumentarem e os serviços piorarem e para nós, engenheiros e engenheiras, houve perda de empregos e precarização das condições de trabalho”.
Confira nossa curadoria para o 8 de março:
No campo, nas águas, nas florestas e nas cidades: quais as lutas das mulheres?
Do Brasil de Fato
”Salvar as mulheres, salvar o mundo”
Artigo de Jorge Folena
Homens ocupam seis em cada dez cargos gerenciais, aponta IBGE
Da Agência Brasil
Ainda à espera de igualdade, mulheres têm desemprego maior e renda menor. Principalmente as negras
Da Rede Brasil atual
CNPq lança edital para apoiar formação de mulheres em ciências exatas
Da Agência Brasil
Com informações da Fisenge, Agência Brasil, Brasil de Fato e Rede Brasil Atual.
Foto: Fabio Rodriges Pozzebom/Agência Brasil