Entrevista: Engenheiro analisa lei

Antonio Cesar Torres Maciel também fala sobre a importância da formação do profissional de engenharia

Antonio Cesar Torres Maciel é engenheiro civil e tem larga experiência na Gestão, Operação,Fiscalização/Execução de obras,Manutenção em instalações Prediais de Shopping Centers,Centros Empresariais/Residenciais e Hotéis. Atualmente trabalha como Gerente de Manutenção na Concesionária Aeroporto Rio de Janeiro. É professor de Engenharia Civil no curso de Autovistoria, promovido pelo SENGE-RJ. Nesta entrevista, ele analisa os principais impactos da lei e os pontos em que ela ainda pode melhorar. Além disso, fala também sobre a importância da formação do profissional de engenharia para realizar a fiscalização.

 

SENGE-RJ: Como o senhor avalia a lei de Autovistoria na parte de Engenharia Civil?

A sociedade civil está tomando consciência da importância da Autovistoria e da contratação de um profissional habilitado e especializado. Ainda temos muito que caminhar. O mais importante não é só treinar o profissional, o engenheiro, mas também o síndico, o administrador. Porque não adianta o engenheiro entregar um laudo perfeito e o síndico achar que não é importante, que não precisa realizar mudanças porque nada vai acontecer. E o síndico também precisa saber contratar os bons profissionais.

 

SENGE-RJ: Quais os principais pontos a serem observados?

É muito importante verificar toda a documentação do prédio. Certificado dos bombeiros, recarga e re-teste de incêndio, medição de aterramento, Relatório de Inspeção Anual (RIA) de elevadores, limpeza de caixa d’água, que parece algo bobo, mas que existe uma norma que determina a limpeza a cada seis meses. Cada uma dessas inspeções é a oportunidade para fazer uma boa vistoria no local.  É fundamental olhar se essas documentações estão em dia e também o próprio profissional dar uma olhada. Na parte de energia elétrica, outro ponto fundamental é a termografia de energia elétrica. É preciso perguntar para o síndico: “já foi feito alguma vez?”. É um conjunto de civil, elétrica e na parte de civil a inspeção é muito visual, se trocou o local de uma piscina, ou se quebrou uma parede para ampliar espaço. São alguns exemplos importantes. O síndico também tem que observar o movimento na portaria, a entrada de muitos aparelhos de ar-condicionado. São coisas bobas que um síndico consciente pode prestar atenção.

 

SENGE-RJ: Que dicas o senhor pode dar para a população civil também ajudar a minimizar acidentes?

São vários pontos. Verificar se o ar-condicionado está bem fixado na parede ou se o dreno está corretamente colocado, para não cair na calçada; não usar fios paralelos, usar sempre fio PP, que tem uma proteção melhor; não usar nada próximo da tomada do fogão, especialmente gás; trocar mangueira do bujão ou do gás encanado; não fazer várias extensões para ligar muitos eletrodomésticos juntos, como fogão, geladeira, cafeteira; vistoriar o apartamento de baixo em caso de obra; se for impermeabilizar, tomar cuidado por ser altamente combustível, não pode ser feito em lugar confinado.

 

SENGE-RJ: Qual a importância do engenheiro para a melhoria da vida da população?

O engenheiro precisa ser um multiplicador para melhorar a mão-de-obra que está entrando no mercado de trabalho. Ele deve ser qualificar para entender que não é necessário apenas o conhecimento técnico, mas que ele também é um gestor de pessoas e como gestor ele tem que se preparar para gerir pessoas e ter conhecimento de legislação de combate a incêndios, segurança do trabalho, departamento pessoal. Com essa qualificação ele melhora a relação dele com a comunidade, vai evitar acidentes. É importante complementar a formação técnica. Não precisa fazer curso, mas pesquisar, trocar informações. É uma profissão que tem uma função social muito importante, pois pode reduzir custos, entulhos, impactos ambientais e evitar acidentes.

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