Apenas um dia depois da consolidação do golpe que afastou Dilma Rousseff da presidência, o SENGE-RJ recebeu o ex-ministro Franklin Martins e a filósofa Marcia Tiburi para mais uma edição do Café & Política. A edição desta sexta-feira (13) debateu se a sociedade é consciente ou manipulada no processo político.
Tiburi acredita que a nossa consciência é manipulada. Na sociedade em que vivemos, todas as pessoas – sejam elas contra o golpe ou a favor do impeachment – defendem seus pontos de vista como se fossem verdade absolutas.
O papel dos meios de comunicação foi abordado como fundamental pelos participantes. O presidente da Fisenge e vice-presidente do SENGE-RJ, Clovis Nascimento, lembrou o companheiro Vito Gianotti e sua luta pela democratização dos meios de comunicação.
“Assistimos a uma conspiração sórdida sem ter muito o que fazer para impedir. Tivemos apenas as ruas para mostrar nossa insatisfação”, disse Clovis.
O impacto do golpe
Franklin Martins, que foi ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social do Brasil durante o mandato de Lula, disse ainda estar fortemente impactado pelo golpe. No dia anterior, Dilma Rousseff havia sido afastado da presidência por 180 dias, após o Senado decidir pela admissibilidade do processo de impeachment.
“A primeira coisa que eu pensei foi: golpe de novo, não. Porque eu tinha quinze anos quando o primeiro aconteceu. Eu, no entanto, estou absolutamente convencido de que não vai ser o mesmo golpe. Porque o país não é mais o mesmo. Construímos uma agenda política ao longo dos últimos anos”, afirmou.
Martins citou seis avanços que fortaleceram o país: a moeda forte, a consolidação da democracia, o crescimento economico, a inclusão social, a redução das desigualdades e a soberania nacional. Para o jornalista e ex-ministro, esses fatores criam experiência nas pessoas e, por mais que se tente, não tem como tirar.
“A grande contribuição que o governo Lula deu é que dá para se governar para todos. Isso não se apaga”.
Mesmo assim, Martins disse estar preocupado porque “eles estão atacando o voto”.
“Eles têm enorme dificildade de ganhar eleição porque não podem dizer exatamente o que pensam. O que eles estão dizendo é: podem se organizar, mas não pelo voto”, criticou.