Mesmo com Bilhete Único, metrô vai a R$4,10

Depois da barca, ônibus e trem, tarifa do metrô no Rio tem aumento de R$ 0,40

Fonte: Brasil de Fato

Preço do metrô carioca sobe de R$ 3,70 para R$ 4,10 em abril (Foto: Stefano Figalo)

 

Após o aumento das tarifas de ônibus, barcas e trem, os trabalhadores cariocas também vão pagar mais caro pelo serviço de metrô. Desde o último sábado (2), o Metrô Rio passou a cobrar a tarifa de R$ 4,10, o que significou um aumento de R$ 0,40 sobre os R$ 3,70 que eram cobrados. Em abril de 2015, o governo Pezão cortou o subsídio da chamada “tarifa social”, então, mesmo que o usuário utilize o Bilhete Único, continua pagando a mesma tarifa.

O serviço do metrô também continua sem integração com outros transportes públicos. Em janeiro deste ano, o secretário estadual de transportes, Carlos Roberto Osório, afirmou que o governo do estado e a prefeitura estabeleceriam uma parceria para criar a integração. Com o acordo, os passageiros que utilizam o BRT e os coletivos municipais poderiam usar também o serviço do metrô pagando apenas uma tarifa. Porém, as assessorias de imprensa do Metrô Rio e Secretaria de Transportes não têm informações sobre a iniciativa, que foi prometida pelo secretário para o final do primeiro semestre.

 

Lucro das empresas

Já o novo valor da tarifa do metrô foi autorizado pela Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes Aquaviários, Ferroviários, Metroviários e de Rodovias do Estado do Rio de Janeiro (Agetransp). Como a agência explicou em nota, o reajuste foi calculado com base na variação do índice de inflação (IGP-M), estabelecido pela Fundação Getúlio Vargas, entre janeiro de 2015 e janeiro de 2016.

Para José Antônio Abraão, militante do Movimento Passe Livre (MPL), esse aumento não tem a ver apenas com a inflação. “É um sistema que não para. Gira em torno de aumentar tarifa e excluir mais pessoas do transporte para que as empresas tenham como reação diminuir as frotas de ônibus, metrô, trem, e assim não perder lucro. O problema não é a inflação ou a crise econômica, mas uma escolha política, que beneficia as empresas e quem paga a conta é o trabalhador”, explica.

 

Exclusão

Segundo as estimativas feitas pela Associação Nacional de Empresas de Transportes Urbanos (NTU), aproximadamente 900 mil pessoas deixaram de utilizar o sistema de transportes urbanos em todo o Brasil, entre 2014 e 2015. A pesquisa ainda aponta que os ônibus urbanos transportaram menos 4,2% de passageiros pagantes no país, no mesmo período.

“Isso não quer dizer que as pessoas estão preferindo usar menos transporte público, mas que não estão conseguindo pagar. O aumento da tarifa, seja no metrô, no ônibus ou no trem, gera um ciclo de exclusão social. O custo sempre recai sobre os mais pobres”, acrescenta José Antônio.

 

Menos ônibus

Para o militante do MPL, essa lógica ficou clara com a eliminação das 11 linhas de ônibus que passavam pela zona sul do Rio de Janeiro, no final de 2015. Com a mudança, a prefeitura tirou cerca de 700 ônibus de circulação. Assim, 78 itinerários foram eliminados, prejudicando o acesso à zona sul da cidade. Outras 24 linhas tiveram seus trajetos alterados e apenas 20 foram criadas para atender o novo modelo.

“Precisamos batalhar pela tarifa zero para integrar, de fato, as pessoas à cidade e acabar com esse sistema de transporte que assalta diariamente o bolso do trabalhador. Mas isso não acontecerá de forma fácil. Toda a população tem que ter consciência de que é possível para reivindicar”, conclui.

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