Depois de quatro anos de espera, o bondinho de Santa Teresa voltou a circular essa semana. Nessa primeira fase vai funcionar de segunda a sábado, das 11h às 16h, saindo do Largo da Carioca até o Largo do Curvelo, com passagem gratuita. A capacidade é de 32 passageiros sentados e está proibida a viagem de pessoas em pé e pendurados na lateral, o que era comum no antigo bonde.
Animados com a volta do bondinho, turistas e visitantes fizeram filas para conferir a novidade. Mas, em Santa Teresa, foram poucos os moradores que puderam subir ou descer no novo bonde. “O trajeto é muito curto e a espera é grande. Os moradores e trabalhadores do bairro, que têm horário marcado, não podem ficar esperando”, afirma Marli Soares, que mora há 40 anos em Santa Teresa.
O presidente da Associação de Moradores de Santa Teresa, Jacques Schwarzstein, diz que os moradores receberam o bondinho com “uma alegria tímida”. “Ainda é cedo para a gente fazer uma avalição. Sabemos que ele ainda não atende as necessidades dos moradores, mas o bondinho é bom para o bairro, mesmo com esse pequeno trajeto”, fala Jacques.
Agora, os comerciantes esperam que Santa Teresa volte a ser o que era antes do acidente do bondinho, em 2011, que deixou um saldo de seis mortos e dezenas de feridos. Porém, durante a primeira semana de funcionamento do bonde, os bares e restaurantes continuaram vazios. “Temos que ter esperança, as coisas vão melhorar”, diz o gerente de bebidas Teodoro Barracosa.
Atrasos na obra
Até agora foi construído apenas 1,7 km. A previsão da Secretaria de Estado de Transporte (Setrans) é que o bondinho chegue ao Largo dos Guimarães até o final de setembro desse ano.
No entanto, os outros 10 km de trilho devem ser concluídos só em 2017, no melhor dos cenários. Isso porque a possibilidade de romper o contrato com a empreiteira ainda não foi descartada. A previsão inicial do governo Pezão era de que as obras ficariam prontas para a Copa do Mundo, mas não estarão nem para as Olimpíadas de 2016.
Moradores se queixam de abandono do bairro
A moradora Marli Soares diz que o bairro foi abandonado pelo poder público desde o acidente do bondinho. “No final da linha do bondinho, no Largo dos Guimarães, cresceu um matagal que está trazendo transtorno para o bairro. Bandidos se escondem no mato e assaltam as pessoas que passam pela Ladeira do Castro, que dá acesso à rua Riachuelo”, denuncia a moradora. Ela afirma que há mais de um ano a Central do Bonde e a Comlurb não realizam manutenção do local.
O presidente da Associação de Moradores também cobra mais responsabilidade do governo do estado em relação à conclusão das obras do bondinho. “O único compromisso que a Setrans fez com os moradores foi em relação ao trecho que vai até o Largo dos Guimarães, mas não se comprometeu quanto ao prazo para terminar as obras”, destaca Jacques Schwarzstein. (FR)
