Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge)
A corrupção é um problema estrutural da sociedade brasileira, originário do setor privado mundial. Um estudo divulgado pela organização Transparência Internacional, no dia 3/12, aponta que o Brasil melhorou sua posição no ranking na percepção de corrupção no mundo, que analisa 175 países e territórios. No entanto, o país piorou sua nota, dividindo a 69ª posição com mais seis: Bulgária, Grécia, Itália, Romênia, Senegal e Suazilândia.
As obras públicas são os principais alvos da corrupção desde a malversação de verbas até cartéis e abuso de poder. Uma questão que precisa ser pautada é a valorização do papel da engenharia nas grandes obras. Há uma questão central grave que é a falta de projeto técnico executivo detalhado de obras ou serviço em processo de contratação, o que pode provocar aumento dos custos ou até mesmo interrupção das obras. Isso sem contar a desvalorização dos engenheiros e das engenheiras, que estão mais presentes em órgãos de controle, em vez de projetos executivos.
A corrupção é um prejuízo social alicerçada pelo capitalismo. Nos últimos anos, o fortalecimento da autonomia da Polícia Federal tem demonstrado resultados positivos. Mesmo assim, ainda há gargalos. Temos acompanhado o caso da Petrobras com preocupação. Isso porque os veículos de comunicação se apropriaram da pauta para conduzir uma campanha de desmoralização da empresa, que é patrimônio do povo brasileiro. A Petrobras também é construída por engenheiros e engenheiras, que acreditam na soberania nacional e no papel do Estado para o desenvolvimento social sustentável.
É preciso coragem para enfrentar as verdadeiras raízes da corrupção, e uma delas é a falta de políticas de controle social e participação popular. O governo federal tem dado demonstrações nesse sentido com o anúncio da Política Nacional de Participação Social, acesso a dados no Portal Transparência e a necessidade de uma reforma política.
O atual sistema político brasileiro tem profundas distorções, que refletem na organização da sociedade brasileira. É urgente uma reforma política com regulação dos meios de comunicação. O financiamento privado de campanha precisa ser enfrentado e combatido, pois é a partir da campanha eleitoral que as empresas fazem “investimentos” para que seus projetos sejam tocados no Congresso. Ao contrário do que os setores conservadores e retrógrados afirma, a reforma do sistema político tem a tarefa de aprofundar a recente democracia brasileira.