Os diretores do Senge-RJ durante o ato na Avenida Rio Branco, pelo Dia Nacional de Lutas, realizado no dia 11 de julho |
O Dia Nacional de Lutas e Mobilizações, realizado no dia 11 de julho, ficou marcado por inúmeros atos de protestos e paralisações realizadas por diversas categorias em todo o país. No Rio de Janeiro, cerca de 20 mil pessoas participaram da manifestação convocada pelas centrais sindicais.
Entre os principais pontos de reivindicação está o fim do fator previdenciário, redução da jornada de trabalho sem redução do salário e a democratização da comunicação.
A diretoria do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro (Senge-RJ) marcou presença no ato. Os sindicalistas levaram faixas favoráveis à realização do plebiscito, pela reforma política e contra os leilões do petróleo e de usinas hidrelétricas.
Para Olímpio Alves dos Santos, presidente do Senge-RJ, as diversas manifestações realizadas em todo o país representaram um grande avanço e a unidade política de todas as centrais sindicais. “As entidades caminham para a construção de uma pauta nacional comum”, avalia.
Agamenon Oliveira, diretor do Senge-RJ, considera que as inúmeras atividades realizadas em todo o Brasil mostraram a capacidade de mobilização das entidades sindicais. Contudo, o também diretor da entidade, Victor Marchesini, observa que foi pequena a participação da juventude no ato. Para ele, é necessário que “os sindicatos busquem melhorar o diálogo com a juventude. Não só convocando, mas também os chamando para a construção dos atos”.
Alcebíades Fonseca, diretor do Senge-RJ, constata que os sindicalistas e as entidades atenderam a convocação das centrais e foram para as ruas. “Diferente dos outros atos, este teve uma pauta clara”, afirma.
Tentativa de desqualificar
O presidente do Senge-RJ criticou a cobertura da mídia comercial sobre os atos realizados no país ao longo do Dia Nacional de Lutas. “Como sempre a mídia estava tentando desqualificar a luta dos trabalhadores”, considera Olímpio. No Brasil, poucas famílias controlam os meios de comunicação.
O presidente do Senge-RJ lembrou que atividades nacionais pela democratização da comunicação foram organizadas em vários estados em frente à Rede Globo e suas filiadas. A emissora de televisão monopoliza 75% dos canais de comunicação no país, segundo o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC).
Controle econômico
Olímpio dos Santos também chama atenção para a pauta da Reforma Política, que para ele representa o avanço necessário para a democratização do país. “Vivemos em uma democracia formal onde o poder político é controlado pelos que detêm o poder econômico”.
Segundo informações divulgadas pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), 273 parlamentares (246 deputados e 27 senadores) eleitos em 2010 são empresários, donos ou sócios de algum estabelecimento comercial, industrial, de prestação de serviços ou mesmo proprietários de fazenda ou indústria agropecuária. A chamada bancada empresarial passou de 219, na eleição de 2006, para 273 integrantes em 2010.
Olímpio dos Santos acredita que as democracias representativas foram capturadas pelo sistema econômico. Ele aponta para a necessidade de modificar estruturalmente o sistema eleitoral e partidário por meio de uma Reforma Política. “Hoje campanhas são financiadas por empreiteiras, banqueiros, pela mídia etc. Os mesmos que serão beneficiados quando seus candidatos forem eleitos”.
Victor Marchesini, diretor do Senge-RJ, considera que mobilizações, como as realizadas no dia 11, fortalecem a luta para que as reivindicações da classe trabalhadora tenham prioridade na agenda do governo e do Congresso Nacional.
Ação contra sindicalistas
Durante o ato, alguns trabalhadores foram atingidos por pedras arremessadas por um pequeno grupo de jovens mascarados. Alguns manifestantes chegaram a identificá-los como anarquistas, afirmação questionada por Olímpio. “Não tenho nada contra o movimento anarquista. Na verdade, admiro a história deste grupo político. Para mim, não está claro que este pessoal, que está indo as ruas agredir sindicalistas, seja mesmo anarquista. Se for, deixou de ser e virou fascista. É inaceitável que algum grupo tente impedir qualquer manifestação”, conclui Olímpio.
Ação truculenta da polícia
Os sindicalistas afirmam que mais uma vez a polícia agiu com truculência e demonstrou-se despreparada. “A polícia vem agindo com arrogância. A primeira reação deles é agredir”, afirma Alcebíades Fonseca.
“A polícia não tem um setor de inteligência adequado para tratar e separar a situação, impedindo assim a violência”, considera Olímpio dos Santos.
Durante o ato foram disparadas bombas de gás lacrimogêneo, balas de borracha e jatos de água.