*Agamenom Oliveira
Os trabalhadores do setor elétrico brasileiro, frente às recentes medidas adotadas pelo governo federal impondo severas restrições sobre as empresas do grupo Eletrobras, têm que analisar com especial atenção o recente movimento dos portuários. A greve de seis horas que chegou a parar 30 mil trabalhadores de 36 portos espalhados por 12 estados, afetando a produção e impedindo o embarque de grãos para o exterior, obrigou o governo a negociar.
Apesar da greve ter sido declarada ilegal pelo TST, o governo aceitou rever alguns pontos importantes da medida provisória MP- 595 que cria um novo marco regulatório para os portos.
Diante deste importante fato político da conjuntura sindical, o movimento dos trabalhadores do setor elétrico, que começará a planejar suas ações no mês de março aqui no Rio, terá no movimento dos portuários uma referência fundamental. As frequentes articulações das quais o nosso sindicato está participando têm a finalidade de aglutinar entidades e técnicos do setor. Esta é uma condição essencial para lutar contra os efeitos deletérios decorrentes da efetivação da MP-579. Somente uma ampla mobilização dos trabalhadores do setor poderá criar as condições para uma negociação que reduza o desemprego pretendido pelo governo e obrigue as empresas a discutir mudanças no atual modelo do setor, principalmente a péssima gestão levada a efeito por dirigentes com baixa qualificação administrativa e total descompromisso com a coisa pública.
*Agamenon Oliveira é diretor do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro