Fonte: Agência CanalEnergia
Assim como ocorreu em dezembro, quando o Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) apresentou forte volatilidade de uma semana para a outra, o valor da energia de curto prazo para a semana de 12 a 18 de janeiro recuou 38% em relação à anterior e fechou a R$ 341,7 por MWh no patamar da carga pesada do subsistema Sudeste/Centro-Oeste. Agentes comercializadores consultados pela reportagem da Agência CanalEnergia previam valores entre R$ 480 a R$ 520 por MWh.
A queda no preço é explicada no Programa Mensal da Operação (PMO) do Operador Nacional do Sistema Elétrico com base em previsões de significativo aumento de vazões no Sudeste. Na última semana, a Energia Natural Afluente da região ficou por volta de 28 mil MW médios. Para a próxima, o número considerado pelo modelo é de 60 mil MW médios e para a semana subsequente de 70 mil MW médios. “Isso significaria uma chuva quase centenária. O ONS foi muito otimista com a expectativa”, afirma o presidente da comercializadora CMU Energia, Walter Froés.
As chuvas previstas nos modelos do ONS apontam tendência de ocorrência de precipitação de 90% da Média de Longo Termo (MLT) no Sudeste e 37% no Nordeste. No Sul, o número é bastante alto, acima de 180%, e reflete o bom período úmido que atravessa a região.
Em dezembro de 2012, as previsões do ONS para as afluências chegaram a ter margem de erro da ordem de 40%, o que provocou solavancos inesperados no preço-spot. A Associação Brasileira das Comercializadoras de Energia entrou em contato com a Aneel para tratar do assunto e recebeu a informação de que houve um erro nas informações disponibilizadas pelo Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cptec) ao ONS. Segundo informou a agência à entidade, o órgão que faz as previsões climáticas para o operador do sistema informou os números de precipitações máximas ao invés de precipitações médias para o ONS, o que teria provocado as variações bruscas no preço naquele mês. Reginaldo Medeiros, presidente da associação, disse à reportagem que enviou uma carta ao Cptec pedindo esclarecimentos, mas que não havia obtido resposta até o momento.
Paulo Mayon, diretor da comercializadora Compass, acha que os modelos de chuva/vazão utilizados pelo ONS estão mal calibrados e precisam de ajustes. Ele classificou a queda do PLD de artificial e lembrou que isso impactará o Encargo de Serviço de Sistemas, aumentando o valor a ser pago pelos consumidores devido ao acionamento do parque termelétrico. “As chuvas melhoram na semana que vem pelas previsões dos mapas. É normal que com essa previsão de mais chuva, o preço caísse um pouco. Mas a redução desta magnitude surpreendeu todo o mercado e na minha visão está se repetindo o que aconteceu em dezembro”, opinou.
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