A AENFER (Associação de Engenheiros Ferroviários) expressou sua preocupação em relação ao futuro da Estação Barão de Mauá, também conhecida como Estação Leopoldina, no Centro do Rio, em uma carta enviada ao prefeito Eduardo Paes no final de 2023. No documento, a associação solicita a realização de uma audiência pública para discutir o destino do terreno que abriga o prédio histórico inaugurado em 1926, que foi incorporado à Rede Ferroviária Federal em 1957.
Os planos da prefeitura para o terreno incluem a concessão do espaço à iniciativa privada para a construção de um complexo cultural que abrigaria as escolas de samba do Grupo de Acesso e 35 blocos residenciais com 560 apartamentos. A iniciativa tem como base a experiência do Reviver Centro, plano da prefeitura para a recuperação urbanística, social e econômica nas áreas do Centro e Lapa. O método vem sendo criticado por arquitetos e urbanistas, que apontam um forte processo de gentrificação nas áreas da operação urbana.
A AENFER destaca que, em um momento em que diversos países do mundo investem no modal ferroviário como parte de suas políticas climáticas, a revitalização da Estação Leopoldina deveria ter como objetivo a melhoria da mobilidade urbana na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
Os engenheiros ferroviários apontam que, se os terrenos, com cerca de 124 mil m², forem entregues ao mercado imobiliário, a cidade abrirá mão do único espaço disponível para a ampliação do sistema ferroviário do município, onde poderiam circular centenas de trens urbanos, regionais, turísticos e o futuro TAV Brasil, o trem de alta velocidade que ligará Rio de Janeiro e São Paulo.
A carta da AENFER pede que o prefeito reavalie o projeto e promova audiência pública com a Frente Parlamentar Pró-Ferrovias Fluminense da ALERJ; secretarias de Transporte, Cultura e Planejamento da prefeitura; secretaria de estado de Transportes e Mobilidade Urbana do governo do Rio; Supervia, Metrô, VLT Carioca e Central Logística; Clube de Engenharia e Crea RJ; Firjan, Associação Comercial e Fecomércio; além de entidades de Preservação Ferroviária e de movimentos que lutam pelo modal ferroviário.
Articulação pelo X
A revitalização da Estação Leopoldina e seus arredores voltou ao debate público no final de novembro, depois que o prefeito Eduardo Paes, através de sua conta no Twitter/X, pediu que a União cedesse o terreno à prefeitura. “Até topo pagar, mas dado é melhor ainda”, publicou o prefeito. O presidente Lula respondeu sugerindo uma ligação ou encontro para tratarem do tema. Paes, por sua vez, relatou que já estava em contato com a SPU/RJ (Superintendência do Patrimônio da União no Rio de Janeiro). A troca de mensagens foi notícia em diversos veículos.
Bom dia presidente @LulaOficial, me entrega a velha e linda estação da Leopoldina que a gente recupera ela. Até topo pagar mas dado é melhor ainda. Bora? CC: ministra @EstherDweck pic.twitter.com/grpxa7kDuO
— Eduardo Paes (@eduardopaes) November 21, 2023
Em 18 de dezembro, Paes apresentou o projeto da prefeitura à ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck. A Estação Barão de Mauá-Leopoldina foi tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) em 1991 e pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 2008, incluída na Lista do Patrimônio Cultural Ferroviário.
Clique aqui para ler a carta da AENFER.
Senge RJ
com informações da AENFER, X e Agência Brasil
Fotos: Tomaz Silva / Agência Brasil