Copom mantém a tendência de queda lenta da Selic e segue atrasando o crescimento nacional

Apesar da inflação sob controle, a evidente busca do governo por alternativas para aumentar a arrecadação e as promessas do ministro da Fazenda, Fernando Hadad, em perseguir metas classificadas por seu próprio partido como “austericídio fiscal”, o Banco Central (BC) decidiu manter a política de queda lenta da taxa básica de juros.

Com o quinto corte de 0,5 ponto percentual, o BC mantém o crescimento nacional represado e alimenta a “cultura de juros altos”, que segue consolidada como um traço da economia brasileira.

A redução, que agora coloca a Selic em 11,25%, seu menor nível desde março de 2022, foi definida em decisão unânime do Comitê de Política Monetária. Em nota, o Copom apontou reduções similares nas próximas duas reuniões, pelo menos, quando a Selic deverá alcançar o índice de 10,25%, em maio. O Copom se reúne a cada 45 dias.

“Em se confirmando o cenário esperado, os membros do comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”, destacou o comunicado. Em relação à quando os cortes serão interrompidos, o órgão informou que isso dependerá do cenário econômico “de maior prazo”.

O custo da lentidão

Em entrevista ao Senge RJ em dezembro, a economista Juliane Furno, assessora da presidência do BNDES e professora da Faculdade de Ciências Econômicas da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), destacou que é difícil, mesmo para um BC que segue uma lógica liberal e neoclássica, justificar uma redução tão lenta da Selic. E os impactos são grandes para o crescimento do país.

“Não faz sentido um ato tão conservador de ir reduzindo a taxa básica de forma tão lenta. Eles mesmos identificaram que há um ‘hiato de produto’, ou seja, há uma diferença entre o que estamos usando de capacidade produtiva instalada e o PIB potencial, que é o potencial de crescimento da economia”. Este hiato, segundo a professora, seria motivo suficiente para uma política mais expansionista, abaixo do juro neutro, que nem estimula nem contrai a economia.

 

Redação: Rodrigo Mariano/Senge RJ
Com informações da Agência Brasil

Foto: Rafa Neddemeyer/Agência Brasil

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