A diretoria do Sindicato dos Engenheiros no estado do Rio de Janeiro recebeu com perplexidade e preocupação a notícia de que o Tribunal Regional Federal da 2ª Região (RTF2) autorizou a retomada das obras para a construção de quatro linhas de tirolesas entre os morros do Pão de Açúcar.
Pontuado por falhas na apresentação e aprovação do projeto, a obra que mutila o monumento natural escancara uma realidade triste para a cidade. A decisão demonstra a incapacidade do Poder Público municipal em alinhar suas políticas e iniciativas a entendimentos globais sobre a preservação de bens naturais. Comprova e reforça, também, a lógica neoliberal na gestão de espaços públicos, que olha para a cidade como ativo a ser fatiado e vendido à iniciativa privada.
As justificativas para a decisão – a deterioração das obras paradas e o prejuízo financeiro que ela gera para a Companhia Caminho Aéreo Pão de Açúcar e para turistas, uma vez que tapumes e lonas interferem na paisagem – não são razoáveis. Consideramos um grave equívoco não priorizar a integridade do monumento natural, tombado pela Unesco desde 2012 como Patrimônio Mundial Paisagem Cultural e Urbana.
Se permanecem os motivos que levaram o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Incomos), da Unesco, a emitir um alerta patrimonial pedindo “a imediata paralisação de cortes em rocha, por trazerem impacto e alteração na geomorfologia do patrimônio tombado causando dano irreparável”, não compreendemos as bases lógicas e legais para a suspensão da liminar anterior, que paralisava as obras.
A sociedade civil, organizada em torno do Movimento Pão de Açúcar sem Tirolesa (PDAsT), que tem o apoio do Senge RJ, segue na luta pela preservação do Pão de Açúcar em sua integridade e demais bens históricos e naturais da cidade, enfrentando o poder econômico e político daqueles que negociam espaços que são, por direito, da população carioca.
A Diretoria
12 de março de 2024