10 de abril: dia da engenharia no Brasil reforça fôlego de esperança no governo Lula | Roberto Freire

Por Roberto Freire*

Uma bala de canhão atingiu o tenente coronel do 1º Batalhão de Engenharia de Combate, João Carlos de Villagran Cabrita, no dia 10 abril de 1866, durante uma batalha da Guerra do Paraguai. Nesta data, Villagran tornou-se Patrono da Arma da Engenharia, originando o Dia da Engenharia. Como a História mostra, a militarização está profundamente ligada aos marcos da engenharia. Justamente nessa semana, no dia 8 de abril, o Supremo Tribunal Federal (STF), definiu, em decisão unânime, que a Constituição não prevê “poder moderador” ou intervenção das Forças Armadas. Esta decisão reafirma a soberania popular e ainda impede possíveis conflitos entre os militares e os três poderes da República – Executivo, Legislativo e Judiciário.

Sabemos que a nossa República é fundada em golpes, que iniciaram na colonização com o genocídio da população indígena e, em seguida, com a escravização da população negra, com a exploração de nossas riquezas e as recorrentes tentativas de destruição de nossa soberania nacional ao longo dos séculos. Fato recente foi a Operação Lava Jato que revelou-se uma farsa. Afinal, “a história se repete, a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa”, já diria Marx. Defendemos, arduamente, que casos de corrupção sejam exemplarmente punidos e que o Brasil desenvolva protocolos de transparência e controle social que sejam referências. Mas o que aconteceu no nosso país foi a destruição da engenharia nacional, da indústria naval, o fechamento de empresas, demissões em massa e perda de memória técnica. Atualmente, há o reconhecimento dos prejuízos causados à engenharia, à sociedade e ao Brasil.

Um estudo da UFRJ e da Uerj estimou em R$ 142 bilhões as perdas nos setores de construção civil, indústria naval, engenharia pesada e indústria metalmecânica. Segundo o Dieese, dos 4,44 milhões de postos de trabalho perdidos, 2,05 milhões ocorreram nos setores e nas cadeias produtivas diretamente afetadas pela Lava Jato. Os 2,39 milhões de empregos restantes foram destruídos em setores prejudicados pela queda da renda e do consumo, como comércio, transporte e alimentação. O Dieese ainda reforçou a perda da inteligência da engenharia e a redução dos investimentos públicos e privados em R$ 172,2 milhões entre 2014 e 2017. O segmento mais atingido foi a construção civil, com perda de R$ 35,9 bilhões, seguido por comércio (R$ 30,9 bilhões); extração de petróleo e gás, inclusive setores de apoio (R$ 29,2 bilhões); atividades imobiliárias (R$ 22 bilhões); e intermediação financeira, seguros e previdência complementar (R$ 17,5 bilhões).

Após o golpe ao mandato da presidente Dilma Rousseff, a Operação Lava Jato, a Reforma Trabalhista e o desgoverno de Bolsonaro, a engenharia nacional e os sindicatos de engenheiros seguem com fôlego de esperança com o governo Lula. Foram anunciados investimentos em engenharia nos programas do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), na retomada do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e concursos públicos. Mas queremos que as políticas públicas sejam feitas junto com as lideranças da engenharia nacional.

A engenharia tem que ser protagonista no desenvolvimento econômico e social do país. O Brasil voltou e a engenharia nacional precisa voltar com soberania, defesa da democracia e justiça social.

*Roberto Freire é engenheiro eletricista, presidente da Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (FISENGE) e diretor do Sindicato dos Engenheiros no Estado de Pernambuco (Senge-PE)

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