Recentemente, o Cetic.BR, ligado ao CGI.br, lançou um estudo sobre conectividade significativa. A Anatel, publicou o Índice Brasileiro de Conectividade 2023. E a ConectarAGRO publicou o Indicador de Conectividade Rural (ICR). Todos apontam para a desigualdade e exclusão digital.
Os três estudos partem de conceitos e/ou indicadores diferentes, mas a conclusão é a mesma: a grande brecha digital existente em nosso país.
O Cetic.BR utiliza o conceito de conectividade significativa que aponta que “questões relacionadas a qualidade do acesso, dispositivos disponíveis para uso e habilidades digitais, entre outras, devem ser consideradas para promover uma conectividade significativa da população e das organizações que utilizam a rede”.
Isso, diz ainda o estudo, “requer um esforço maior do que apenas conectar indivíduos desconectados: demanda um conjunto de políticas e iniciativas para solucionar o problema complexo da exclusão digital. Para que o país e a sociedade como um todo possam se beneficiar de maneira efetiva das oportunidades oferecidas pela Internet e pelas tecnologias digitais, é essencial entender os desníveis que impedem esse aproveitamento”.
O Cetic.BR considera nove indicadores: custo da conexão domiciliar, plano de celular; dispositivos per capita; computador no domicílio; uso diversificado de dispositivos; tipo de conexão domiciliar; velocidade da conexão domiciliar; frequência de uso da Internet; locais de uso diversificados. Quanto mais próximo de nove, melhor a situação. Quanto mais perto de zero (sem nenhum dos indicadores) pior a situação.
Entre as cinco regiões do país, o Norte possui um grupo com o nível baixíssimo, entre 0 e 2 pontos de conectividade significativa, no qual estão 44% da população. No Nordeste, 48%. O Centro-Oeste apresenta 33% da população com score entre 0 e 2. As regiões Sul e Sudeste possuem, respectivamente, 23% e 25% da população com até 2 pontos de conectividade significativa. Ou seja, a conectividade significativa não está adequada nem nas regiões melhores atendidas.
Já o Índice Brasileiro de Conectividade 2023, da Anatel, aponta os estados apresentaram o maior e o menor crescimento no acesso à internet. O estudo avalia as redes e o acesso a serviços de telecomunicações fixos e móveis pela população. Considera dados que vão do número de assinantes à existência de backhaul em fibra, da quantidade de estações radiobase ao de competidores locais.
Mais uma vez, os melhores resultados são encontrados nas regiões Sul e Sudeste. Em todo o país, o Maranhão é o estado que apresenta o pior resultado.
Por fim, o agronegócio lançou, por meio do ConectarAGRO, o Indicador de Conectividade Rural (ICR). “O índice, desenvolvido em colaboração com a Universidade Federal de Viçosa (UFV), aponta que apenas 18,8% da área agrícola produtiva (isto é, excluindo reservas e áreas não produtivas) no Brasil têm condições de conectividade adequada para atividades operacionais, com uma concentração maior nas regiões Sul e Sudeste”.
Assim, por todos os ângulos de visão, sejam os levantamentos realizados pela sociedade civil não empresarial, uma autarquia ou representante de setores do agronegócio, a exclusão digital continua sendo um grave problema nacional.
Continuamos insistindo que esse problema não será resolvido exclusivamente pelo mercado. Temos que inserir a sociedade civil não empresarial nesse debate. O melhor caminho é a convocação imediata da 2ª Conferência Nacional de Comunicação.
Instituto Telecom, Terça-feira, 30 de abril de 2024