Guardiões da Terra: Os Desafios da Defesa Etnoambiental para Indígenas e Defensores

“É muito difícil para um ativista, principalmente na Amazônia, viver!”

No dia 18 de abril, um dia antes do Dia dos Povos Indígenas (19), a jornalista Beth Costa e o advogado e cientista político Jorge Folena receberam para um bate-papo no Soberania em Debate a ativista ambiental, indigenista e defensora dos direitos humanos, Neidinha Suruí.

Neidinha foi a primeira mulher a trabalhar com indígenas isolados na FUNAl e lidera desde 1992 a Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé. Há 31 anos ela se juntou a um grupo de indigenistas para lutar contra a corrupção dentro da FUNAI e hoje, além de oferecerem diversos cursos para os jovens, ainda os ajudam a entender os seus direitos.

Ela afirma que “a juventude é o presente e o futuro para se garantir territórios”, e levar até essa juventude a tecnologia tem se tornado essencial. Com base no entendimento dos direitos, esses jovens podem seguir na luta, protegendo e monitorando seus territórios com ajuda do aplicativo SMDK (Sistema de Monitoramento de Desmatamento Kanindé).

Neidinha deixa claro que cuidar do meio ambiente é um dever de todos os brasileiros, pois as mudanças climáticas afetam a todos. “Quando negam os direitos dos povos indígenas, estão negando os direitos de todos os brasileiros, agora é preciso que os brasileiros entendam isso”, disse a indigenista.

A defesa etnoambiental é crucial para preservar tanto a cultura indígena quanto o meio ambiente, sendo essencial para toda a sociedade. No entanto, essa luta tem sido perigosa para os povos indígenas, que enfrentam ameaças e violência por parte de invasores. Garantir a segurança e os direitos das comunidades indígenas é fundamental para a preservação ambiental e para o bem-estar geral.

Neidinha, que atua desde os 12 anos, vive correndo risco por lutar em prol dos direitos dos indígenas e sabe que incomoda “gente grande”. Ela afirma que “o Brasil é um dos países que mais mata ativistas” e faz um questionamento “quem mandou matar Ari uru-eu-wau-wau (professor e líder indígena)?”.

Lutar contra o desmatamento e a grilagem é um dever de todos. “Por trás da grilagem, tem gente grande financiando”, afirmou Neidinha.


Texto: Nice Lira

Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

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