Trabalhadores do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica – Cepel deliberam pelo Estado de Greve

Trabalhadores do Cepel decidem entrar em ESTADO DE GREVE a partir do dia 17 de junho.

Editada às 20h45 de 19/06: ERRAMOS | A assembleia dos trabalhadores do Cepel não deliberou pela greve, como constava em versão anterior do título. A assembleia deliberou pelo “estado de greve”.

 


 

CEPEL EM ESTADO DE GREVE

Segregação e Desrespeito (Jane Austen no Cepel)

No dia 14/06/2024 foi realizada Assembleia Geral Extraordinária dos trabalhadores do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel). Por ampla maioria, as trabalhadoras e trabalhadores deliberaram pelo Estado de Greve a partir do dia 17/06/2024. A decisão se deve a grande insatisfação com a proposta de ACT apresentada pela Eletrobras na Segunda Rodada de Negociações realizada no dia 11/06/2024 com os representantes dos trabalhadores do centro, bem como com o prazo exíguo de prorrogação do ACT vigente, até o dia 21/06/2024. Soma-se a isso o total desrespeito aos empregados do principal centro de pesquisas de energia elétrica do país ao longo desse processo negocial. Vamos aos fatos:

– SEGREGAÇÃO: Na Negociação do ACT Nacional com o CNE a Eletrobras comunicou que a negociação com o Cepel seria segregada da negociação do ACT nacional com o CNE, apesar do empenho dos companheiros do CNE em manter o Cepel na mesma mesa negocial. O argumento da empresa foi que o Cepel não é uma empresa do grupo Eletrobras.

– ESDRÚXULO: Pasmem, a negociação com o Cepel está sendo realizada diretamente com a Eletrobras! Como, já que a própria Eletrobras segregou o Cepel da mesa do ACT nacional com o argumento de que o Cepel não é uma empresa do grupo Eletrobras!

– DESRESPEITO: A pauta de Reivindicações dos Trabalhadores do Cepel foi entregue a empresa em 01 de abril de 2024. Em 12 de abril foi realizada a 1ª Rodada de Negociação, sem qualquer contraproposta por parte da empresa. Após 5 rodadas de negociação com o coletivo nacional, a Eletrobras marcou voltou a negociar com o Cepel, em 11 de junho. Nesta segunda rodada a empresa apresentou verbalmente os principais pontos da contraproposta sem entregar qualquer documento. Na mesma reunião os representantes dos trabalhadores solicitaram prorrogação do ACT vigente. A empresa só respondeu no dia 14 de junho, prorrogando o ACT até o dia 21 de junho! Tal prazo é inviável para a discussão da contraproposta da empresa e realização de
assembleias com os trabalhadores. Ainda que a empresa tenha manifestado a intenção de conceder outra prorrogação, nada há de concreto até o momento. Sequer o documento da contraposta foi entregue aos sindicatos! Em resumo, ainda não se iniciou uma negociação de fato com o Cepel.

ESTRANHO: A empresa comunicou que deverá entregar uma contraproposta até o dia 18 de junho. Na rodada do dia 11 a empresa informou que a contraproposta seria muito similar àquela apresentada ao CNE para os empregados das empresas da Eletrobras. Porém, no dia 13 de junho, a Eletrobras teve que recuar em diversos pontos da proposta do ACT nacional por determinação do TST. A segunda reunião no TST se dará no dia 21 de junho! Mesmo dia do prazo de prorrogação concedido ao Cepel! O que se pode esperar de uma contraproposta ao Cepel entregue entre a 1ª e a 2ª reunião da Eletrobras com o CNE no TST?!

ERRO CRASSO: Ao longo deste processo “negocial”, a empresa não tem considerado as particularidades de um centro de pesquisas e inovação. Empresas que têm centros de pesquisa sabem que as atividades de P&D não são, em geral, lucrativas per se, mas dão ganhos indiretos que nem sempre são monetizáveis. Some-se a isso o tempo relativamente longo de maturação de um pesquisador, bem como a alta especificidade das atividades realizadas no Cepel. Suas principais linhas de pesquisa, produtos e serviços dependem de pessoal com alta formação e experiência, que não se encontram à disposição no mercado. O Cepel conta hoje com um quadro já muito reduzido de pesquisadores e técnicos experientes, responsáveis por diversas atividades. A transferência de conhecimento para novos pesquisadores e técnicos se dá ao longo de anos de trabalho junto aos mais experientes. Assim é em instituições de pesquisa em todo o Mundo. O centro não tem como suportar mais demissões desses empregados, nem precarização das suas condições de trabalho. Já cansamos de alertar a Direção do Cepel e a Eletrobras. A Eletrobras quer que o Cepel “Entregue Valor”. Para tanto, é mister que mantenha os atuais empregados do Cepel, bem como suas condições de trabalho e saúde. Os retornos diretos e indiretos para a Eletrobras serão inestimáveis!
Do contrário, a Eletrobras perderá para a concorrência e ficará com a imagem de destruidora do maior Centro de Pesquisas de Energia Elétrica da América do Sul.

Cometerá um erro Crasso, tal como o general romano há mais de 2 mil anos.

 

 

Edição: Rodrigo Mariano / Senge RJ

 

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