A nova Eletrobras: Especulação Financeira, salários milionários para diretores e arrocho salarial e assédio para os trabalhadores

AEEL destaca que o objetivo da privatização da Eletrobras foi transformar a companhia que ergueu o setor elétrico brasileiro em uma empresa financeira e defende a reestatização

Para todos que acompanharam o processo de privatização da Eletrobras, seu sentido estava claro: tratava-se de modificar a própria essência da empresa, em transformar a companhia que ergueu o setor elétrico brasileiro em uma empresa financeira. E, com o passar do tempo, as ações da nova Eletrobras escancaram sua nova essência. Trata-se, portanto, da tomada da empresa por um grupo financeiro especulativo interessado apenas em sugar, em drenar todos os seus recursos, explorando todo potencial da empresa para transferir sua riqueza para agentes privados, enquanto sucateia e desarticula seu principal ativo da empresa: o “capital humano”.

Duas notícias recentes confirmam nossa hipótese: a presença de Ivan Monteiro, atual presidente da empresa, como um dos mais bem pagos do país, recebendo cerca de R$19,3 milhões anuais, e a notícia de um novo programa de recompra de ações direcionando grande volume de recursos da companhia para especulação financeira.

Enquanto estatal, o salário do presidente da Eletrobras era limitado a cerca de R$50 mil reais por mês, totalizando R$600 mil por ano. Enquanto isso, o novo presidente da Eletrobras privatizada, que pouco conhece sobre setor elétrico, recebe R$19 milhões por ano. Para ter uma medida de comparação seria preciso trabalhar 32 anos com um salário de presidente de estatal para receber o que Ivan ganha hoje em apenas 1 ano. Veja a lista com os 20 CEOs brasileiros mais bem pagos em 2023:

Como se isso não bastasse, a Eletrobras anunciou um novo programa de recompra de ações. Poucos dias após encerrar o programa de recompra de ações anterior, que custou quase R$2 bilhões dos cofres da empresa (veja aqui), um novo programa foi anunciado (veja aqui). Hoje, a recompra de ações é o maior e o principal “investimento” da empresa. A atuação da Eletrobras hoje é marcada pela especulação financeira.

Em paralelo a companhia tem se dedicado também a compra e venda de ativos, ou seja, fusões, aquisições e venda de participações. Ou seja, os investimentos novos, na construção de ativos físicos, minguaram. Até porque, esses pouco interessam para especulação financeira, são considerados arriscados e seu principal beneficiário seria o povo brasileiro. Mas eles não se importam com o povo, apenas com seu próprio bolso. Por isso, direcionam seus recursos para o mercado financeiro. Se importam menos ainda com os trabalhadores, que têm sofrido ataques ao seu bolso e a sua dignidade. E, assim, vão drenando o patrimônio da empresa, que aos poucos se materializa como riqueza privada, na forma de salários milionários e remunerações variáveis para alguns poucos e dividendos para os sedentos acionistas.

Ivan Monteiro lidera uma equipe de vice-presidentes (também com salários milionários!) que tem se esforçado ao máximo para retirar direitos e benefícios dos trabalhadores, daqueles que construíram essa empresa com seu suor e lágrimas.

O salário e as benesses da alta cúpula se multiplicam enquanto espremem e tratam com truculência os trabalhadores. O contraste entre o tratamento dado aos trabalhadores e as regalias dadas para alta direção da empresa é escandaloso. A precarização das condições de trabalho dos funcionários da Eletrobras já é uma realidade. A Eletrobras já reduziu em 25% seu quadro de trabalhadores, que era de 10,5 mil em junho de 2022 e hoje é de aproximadamente 8 mil trabalhadores.

Como resultado dessa gestão temerária e irresponsável, multiplicam-se os registros de acidentes que comprometem o sistema elétrico nacional, como a recente explosão na  Eletronorte (foto em destaque), notadamente causada pela falta de capacitação fruto da substituição da mão de obra especializada por outra mais barata e precarizada.

O capital humano, desconsiderado pela milionária gestão da Eletrobras privatizada, vem sofrendo com ameaças à sua integridade física em um ambiente de trabalho instável e inseguro, havendo caso de trabalhadores(as) que, sob pressão, chegam ao limite da sanidade e tentam contra a própria vida.

Por isso, continuaremos denunciando essa privatização nefasta, que a cada dia se revela mais perversa sob os olhares obediente e submisso do Governo Federal.

Continuaremos na nossa luta pela reestatização da Eletrobras!

Rio de janeiro, 10 julho de 2024.
Associação dos Empregados da Eletrobras – AEEL.

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