A terceira alta consecutiva na taxa básica de juros surpreendeu pelo absurdo. O Comitê de Política Orçamentária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu na última quarta-feira (11/12) por elevar a taxa Selic em 1 ponto, passando de 11,25% ao ano para 12,25%. Nem mesmo o mercado financeiro esperava tanto, apostando em um aumento máximo de 0,75 ponto percentual, segundo o último Boletim Focus.
Com o aumento, o Brasil se consolida no segundo lugar do ranking de maiores juros reais do mundo, perdendo apenas para a Turquia. Antes de comemorar não ser cidadão turco, é prudente lembrar que o comunicado do BC aponta para a continuidade do choque nos juros nos próximos encontros do Copom. Somado a isso, o futuro presidente do BC, Gabriel Galípolo, vem dando declarações nas quais afirma que os juros seguirão elevados. Ele e os demais diretores indicados por Lula, que vem criticando sistematicamente a alta de juros, votaram a favor da alta.
A alta de juros vem drenando as contas públicas enquanto promove a transferência de riqueza dos mais pobres para os mais ricos. A dívida pública nacional, pressionada pelos juros, custou 80% mais caro para o governo em outubro deste ano (R$ 111,6 bilhões) do que no mesmo mês em 2023 (61,9 bilhões). Em 12 meses, foram 149,2 bilhões a mais fora do orçamento que no período anterior.
Campos Neto finalmente se despede do BC, ironicamente, como responsável pela menor taxa histórica: chegou até o patamar de 2% ao ano em 2020. No final de 2023, quando o BC deu início ao ciclo de cortes nos juros, a expectativa é que o Brasil estivesse alcançando agora, em dezembro de 2024, o patamar de 9,25%.
Rodrigo Mariano/Senge RJ, com informações do Brasil de Fato | Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil