Mesmo sob o comando de Galípolo, BC eleva taxa Selic em 1 ponto percentual

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central confirmou as expectativas do mercado e elevou a taxa Selic em 1 ponto percentual, mantendo o Brasil entre os países com os juros mais altos do mundo.

Pressionado pela valorização do dólar, pelo aumento nos preços dos alimentos e pelas incertezas geradas pelo pacote fiscal apresentado no final do ano passado, o Copom seguiu a trajetória já sinalizada em seu último boletim e fixou a taxa Selic em 13,25% nesta segunda-feira (29). A tendência é que um novo aumento de 1 ponto percentual ocorra em março, na próxima reunião do colegiado.

Durante os primeiros dois anos do governo Lula 3, a política monetária liderada por Roberto Campos Neto foi amplamente responsabilizada pelo alto custo dos juros no país e pela dificuldade do governo em investir no desenvolvimento nacional. A manutenção das taxas elevadas impôs um fardo à economia brasileira, resultando em despesas exorbitantes com o pagamento da dívida pública e na transferência massiva de recursos do orçamento nacional para um seleto grupo de rentistas.

A reunião de hoje foi a primeira sob a presidência de Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente para comandar o Banco Central. Com ele, são sete diretores indicados por Lula entre os nove que compõem o Copom. Apesar das frequentes críticas do presidente à política de juros altos, a decisão do Copom frustrou aqueles que esperavam que a nova composição da diretoria do BC enfrentasse o mercado financeiro e revertesse a escalada da Selic.

Histórico de alta

A taxa Selic havia atingido 10,5% ao ano em julho e agosto de 2023, mas desde então entrou em uma trajetória de alta, com sucessivos aumentos: 0,25 ponto em setembro, 0,5 ponto em novembro e 1 ponto em janeiro. A decisão de hoje era esperada por economistas após a revisão da estimativa de inflação para 2025, que passou de 4,96% para 5,5%, ultrapassando o teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional, fixado em 4,5% ao ano.

A redução da taxa de juros impulsionaria o acesso ao crédito, favorecendo a produção e o consumo e estimulando o crescimento econômico. Em contrapartida, a atual política contracionista encarece o crédito e desacelera a atividade econômica. Segundo o último Boletim Focus, economistas do mercado financeiro projetam que a Selic encerrará 2025 em 15%.

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Edição: Rodrigo Mariano/Senge RJ (com informações da Agência Brasil) | Foto: Lula Marques/Agência Brasil

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