Os senhores da guerra e o genocídio com IA | Instituto Telecom

“Mais uma guerra sem razão
E já são tantas as crianças com arma na mão
Mas explicam novamente que a guerra gera empregos
E aumenta a produção”
(Canção Senhor da Guerra, Legião Urbana, 1992)

Sabe o que já impacta e pode fomentar ainda mais guerras? A inteligência artificial sem regulação.

O doutor em História Juan Filipe Loureiro Magalhães, no artigo “Inteligência artificial, colonialismo e genocídio automatizado no conflito Israel-Palestina”, expõe como a IA tem sido instrumentalizada na lógica militar contemporânea:

1. Militarização algorítmica – A IA tornou-se um divisor de águas nas estratégias de dominação, controle e extermínio.

2. O caso de Gaza– Israel tem usado intensivamente IA para selecionar e atacar alvos palestinos, em especial na Faixa de Gaza.

3. Três sistemas centrais israelenses:
3.a – Lavender: identifica supostos militantes cruzando metadados, padrões digitais e redes sociais; 37 mil pessoas foram listadas como alvos, muitas sem verificação humana.

3.b- Gospel: mapeia supostas infraestruturas militares, mas muitos ataques atingiram áreas densamente povoadas, destruindo bairros inteiros.

3.c- Where’s Daddy?: rastreia combatentes e ataca preferencialmente quando estão em casa com suas famílias, aumentando deliberadamente vítimas civis.

Essa racionalidade algorítmica não é precisão militar — é justificativa para violações sistemáticas do Direito Internacional, reforçando uma lógica colonial e genocida.

Não estamos diante de “erros” ou “efeitos colaterais” de uma guerra justa, mas da consolidação de uma doutrina de destruição sustentada por tecnologias de última geração.

Repetimos: não existe neutralidade tecnológica. A IA é desenvolvida para servir aos lucros e aos interesses dos senhores da guerra, com impacto direto na política e na soberania dos Estados.

O que acontece em Gaza deve servir de alerta para o Brasil: precisamos nos inserir de forma urgente na regulação da IA, na aprovação do PL 2338/23, que alia proteção de direitos fundamentais e estímulo à inovação responsável no Brasil.

A segurança dos povos e das comunidades não pode ficar nas mãos do mercado. Os senhores da guerra não podem seguir, sem respeitar os direitos humanos. Chega de genocídio.

Instituto Telecom, Terça-feira, 19 de agosto de 2025
Marcello Miranda, Especialista em Telecom

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