Ato histórico no Clube de Engenharia reúne lideranças e militância progressista em defesa da soberania nacional

Com a articulação de mais de 100 entidades, mandatos parlamentares e movimentos sociais, o encontro lotou três auditórios e instalou a Assembleia Permanente pela Soberania Nacional. Em 7 de setembro, a mobilização ganhará as ruas

Em poucas semanas, cerca de 170 entidades — sindicatos, mandatos parlamentares, universidades e movimentos sociais — canalizaram a urgência e a vontade de lutar pela soberania nacional em uma articulação que culminou, na última segunda-feira (1º de setembro), em um ato histórico no Clube de Engenharia.

A fila que dobrava a esquina e avançava pela Rua Sete de Setembro, minutos antes do início, já anunciava o comparecimento massivo da militância da esquerda fluminense. Do lado de dentro, aproximadamente mil pessoas ocuparam todos os três auditórios da casa. A estimativa é que participaram do ato mais de mil pessoas. Com a lotação esgotada, a portaria seguiu tomada até o final, enquanto outros acompanharam a transmissão online.

No grande auditório do 25º andar, era difícil transitar. Entre bandeiras e faixas de “Sem Anistia”, uma multidão acompanhou os discursos que reafirmaram: diante das tentativas de controle estrangeiro sobre os poderes da República, ao povo brasileiro não falta resistência.

“Hoje foi um marco do renascimento das forças progressistas em defesa da soberania do Brasil. Este ato é o início de muitos outros que acontecerão daqui para frente para mostrar ao mundo que nossa soberania é inegociável, que ela pertence ao povo brasileiro”, destacou o presidente do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro (Senge RJ), Clovis Nascimento.

Clovis e Olímpio dos Santos, diretor de Comunicação do Senge RJ, dividiram o palco com dezenas de militantes e parlamentares. Os discursos, ovacionados pela plateia, orbitavam em torno da defesa da autodeterminação do povo brasileiro e da proteção dos poderes constitucionais contra a ingerência externa. Também surgiram temas como a manutenção do mandato do deputado Glauber Braga, o fim do genocídio em Gaza e a retomada dos símbolos nacionais sequestrados pela extrema-direita na última década.

“Este ato é parte da caminhada crescente, que deve escalar até o grande ato no 07 de setembro, nas ruas. Precisamos afirmar nossa soberania a partir da soberania cultural, tecnológico científica, econômica e, acima de tudo, a nossa autonomia política. Devemos ir para as ruas de verde e amarelo, recuperando os símbolos que nos foram desapropriados pelos falsos patriotas deste país. Quero também lembrar do povo palestino, que sofre neste momento. O povo palestino precisa permanecer com sua cultura, em seu território, e o sionismo americano precisa ser retirado da cena histórica brasileira e mundial”, destacou a deputada Jandira Fehgali (PCdoB-RJ). Ela também defendeu a cassação de Eduardo Bolsonaro e a prisão dos militares e políticos que tramaram o golpe de Estado.

Além de Jandira, discursaram os deputados Glauber Braga (PSOL), Benedita da Silva (PT), Tarcísio Motta (PSOL) e Reimont (PT); os ex-ministros José Dirceu (PT), Carlos Lupi (PDT), Ana de Hollanda e Roberto Amaral; os reitores Roberto Medronho (UFRJ) e Gulnar Azevedo e Silva (UERJ); a presidenta da UNE, Bianca Borges; o presidente da ABI, Octávio Costa; o ex-presidente do Clube de Engenharia, Pedro Celestino; a influenciadora Aline Bardy Dutra (@esquerdogata_79); e a jornalista Hildegard Angel. A engenharia foi representada por Paulo Augusto Vivacqua, presidente da Academia Nacional de Engenharia (ANE), e por Francis Bogossian, presidente do Clube de Engenharia e anfitrião do evento.

“Se expressa aqui hoje um grito que estava aprisionado na nossa garganta. As intervenções de Trump buscam impedir que o Brasil cumpra o seu destino. Precisamos tomar nosso destino em nossas mãos. Para isso, é fundamental retomar as ruas, derrotar a tese da anistia e levar a luta até às últimas consequências em 2026, para garantir nossa democracia e nossa soberania”, afirmou José Dirceu.

O ato público também marcou o lançamento do Manifesto pela Soberania Nacional. Leia abaixo na íntegra:


A SOBERANIA DO BRASIL NÃO SE NEGOCIA!

Os abaixo assinados, reunidos no dia 1º de Setembro na sede do Clube de Engenharia do Brasil, diante das ameaças que vive nossa Nação, vêm se pronunciar publicamente perante o povo brasileiro.

O Brasil é uma nação forjada em mais de dois séculos de lutas, entre elas a conquista da Independência, a superação da escravidão, a construção da República e a defesa permanente dos direitos trabalhistas e da Democracia. Esses marcos constituem o patrimônio imaterial de nosso povo, que jamais aceitou submissão ou tutelas estrangeiras.

Hoje, essa mesma soberania está sob ameaça. Interesses do governo de uma nação estrangeira buscam impor restrições à nossa economia, interferir em nossas instituições e ditar os rumos do nosso desenvolvimento. Infelizmente, com o incentivo e colaboração de brasileiros, que traem nossa Pátria, em conluio com os agressores externos, atacando a Justiça de seu próprio País.

Trata-se de um ataque grave ao Estado Democrático de Direito e à autodeterminação de nossa Pátria.

Não aceitaremos intimidações, nem ingerências que atentem contra a liberdade do povo brasileiro de decidir seu próprio destino.

Nossa Constituição é clara: o Brasil rege-se pela independência nacional, pela prevalência dos direitos humanos, pela não intervenção e pela igualdade entre as nações.

Exigimos, portanto, o mesmo respeito que oferecemos ao concerto internacional.

Neste momento, em que pressões externas tentam subjugar o Brasil, nós da sociedade civil, entidades representativas, a academia, trabalhadores, intelectuais, estudantes e os brasileiros em geral unimo-nos em um só propósito: defender a soberania nacional como condição para a Democracia, o desenvolvimento e a justiça social. Por isso, eventuais diferenças políticas devem ceder lugar àquilo que nos une: o amor à nossa pátria e a defesa de sua integridade.

Curvar-se a imposições externas é abrir mão do nosso futuro, é negar a possibilidade de uma nação livre, justa e solidária. A soberania do Brasil é inegociável. É sobre ela que repousa o direito de nosso povo construir seu destino com dignidade e independência. Vamos permanecer vigilantes e atuantes como uma assembleia permanente até que cessem essas abomináveis agressões externas à nossa Pátria!

Viva o Brasil!
Viva a Soberania Nacional!


Senge RJ / Foto: Clube de Engenharia

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