Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, a PNADC Anual, acendem um alerta para engenheiros e profissionais das geociências. O levantamento aponta que, embora a maioria dos 733 mil profissionais de engenharia esteja empregada com carteira assinada (47% em 2023), esse cenário vem mudando. Em 10 anos, houve queda de 11% entre os celetistas. Esses profissionais migraram para o trabalho por conta própria, que avançou de 13% em 2014 para 24% em 2023. Foi a forma de inserção no mercado de trabalho que mais cresceu no período.
Os dados foram reunidos e sistematizados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), traçando um perfil dos profissionais da engenharia com foco nos assalariados formais. O estudo, apresentado em reunião da diretoria do sindicato, oferece um panorama sobre as tendências do setor na contraposição de dados de 2014 e 2023.
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“Essas informações, embora não esgotem os dados do total de engenheiros inseridos no mercado de trabalho, alcançam a maior parte deles. Elas oferecem não só um retrato da atual situação da categoria e das empresas contratantes, mas também possibilitam o acompanhamento da evolução do mercado ao longo da série histórica”, explica Paulo Jagger, técnico do Dieese.
Essa evolução no mercado de engenheiros, agrônomos, geólogos, geógrafos, geofísicos, físicos e meteorologistas acompanha a tendência nacional. Desde 2017, a legislação alterou profundamente as relações de trabalho, sendo reforçada por decisões do Supremo Tribunal Federal. O STF avançou sobre temas do direito do trabalho a ponto de, em abril deste ano, suspender todos os processos sobre a licitude de contratos de prestação de serviços.

PJTização na engenharia
Não é à toa que, perguntados sobre suas maiores preocupações na entrada do mercado de trabalho, estudantes de engenharia de diferentes especialidades apontam a precarização nos contratos e as crescentes contratações como Pessoa Jurídica.
Segundo o Dieese e o Ipea, o crescimento da “Pejotização” no Brasil registrou um salto de 8,5% em 2015 para 14,1% em 2023. São 18 milhões de pessoas potencialmente “Pejotizadas” como MEIs ativos e outras formas de atuação como CNPJ. Muitas estão inseridas em vínculos de dependência que caracterizariam relação empregatícia.
A engenharia está entre as categorias mais impactadas, juntamente com as demais “carreiras especializadas”. Acompanham esse movimento as áreas de Tecnologia da Informação (TI), Comunicação, Saúde, Serviços Financeiros e Consultoria.