Luiz Antonio Cosenza (*)
O Dia do Engenheiro – 11 de dezembro – sempre teve um significado especial para mim. Nasci numa família de imigrantes italianos. Sou o caçula de três irmãos, o único a conseguir ingressar em uma universidade e concluir o curso superior.
Desde pequeno gostava de mexer em tudo, ver como as coisas funcionavam, e tinha certeza de que um dia seria engenheiro. Eu me formei no final de 1975, na Universidade Gama Filho, no Rio de Janeiro, em Engenharia Elétrica. No ano seguinte, em 1976, passei no concurso da Rede Ferroviária Federal, onde trabalhei a vida inteira, ocupando diversos cargos, e me tornando ferroviário de profissão e de coração.
Hoje, quando vou a uma cerimônia de formatura em uma universidade pública ou privada e entrego os cartões provisórios de registro profissional do Crea-RJ aos formandos, identifico o brilho do olhar do meu pai em muitos pais que se emocionam ao ver o sonho dos filhos sendo realizados.
O sonho desses meninos e meninas para exercer uma profissão regulamentada se tornou possível a partir da publicação do Decreto Lei nº 23.569, de 11 de dezembro de 1933, que oficializa as profissões de engenheiro, arquiteto e agrimensor no Brasil. O decreto também criou o Sistema Confea/Crea para fiscalizar e orientar o exercício da profissão.
Um estudo da engª. profª. Viviane Vaz Monteiro e do eng. prof. Ariston Alves Afonso, da PUC-GO, apresentado no Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia (Contecc), em 2021, faz uma avaliação interessante do quantitativo de engenheiros formados em relação aos engenheiros cadastrados no Sistema Confea/Crea.
Pelos dados analisados, o estudo conclui que: “o número de engenheiros formados no Brasil nas últimas décadas tem crescido, porém, esse crescimento absoluto ainda nos deixa longe dos demais países, mesmo daqueles com economia similar à brasileira. No entanto, existe um dado que agrava essa situação. O aumento do número de pessoas formadas não tem se refletido no aumento do número de profissionais registrados no Sistema Confea/Crea, o que significa que boa parte desses profissionais não está atuando nas áreas de suas formações. Portanto, a economia brasileira não tem se valido dessa mão de obra qualificada, o que, em parte, pode explicar o longo período de estagnação no crescimento do PIB do país”.
Se a gente pensar que a área tecnológica é responsável por 80% do PIB brasileiro, para vermos como está a situação do país é só vermos como está o nível de emprego nessa área. Se a área tecnológica está com bastante emprego, você pode estar certo de que o país está bem. Quando há falta de emprego na engenharia, é que o país está mal. Por aí vemos a importância que a área tecnológica tem para o Brasil.
Nesta semana em que se comemora o Dia do Engenheiro, neste país em que temos cerca de 1 milhão de engenheiros registrados no Sistema Confea/Crea, vale uma reflexão. Se a gente quer um país soberano, precisamos investir muito na formação dos jovens, porque é a Engenharia que traz a inovação e o desenvolvimento do país.
Temos que brigar sempre pelos engenheiros e profissionais da área tecnológica. E o nosso Sistema Confea/Crea tem que ser o protagonista dessa história, ao lado das entidades de classe e das instituições de ensino. É a defesa do país, da soberania nacional e dos nossos profissionais.
Tenho orgulho de ser engenheiro!
*Luiz Antonio Cosenza é Presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ); Engenheiro Eletricista e de Segurança do Trabalho.
Foto: Confea