O infográfico “Mulheres na Ciência Brasileira”, produzido pelo Grupo de Estudos Multidisciplinares de Ação Afirmativa (Gemaa) para medir a proporção de gênero dos docentes em programas de pós-graduação de acordo com as suas respectivas áreas do conhecimento, apontou “severas desigualdades que caracterizam os espaços nacionais de ensino superior”, na avaliação de seus autores (veja aqui na íntegra).
O trabalho é uma parceria do Gemaa com o Instituto Serrapilheira, e foi divulgado em 11 de fevereiro, por ocasião do Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência. Na divisão sexual do trabalho, as mulheres predominam em atividades relacionadas ao cuidado ou às humanidades, enquanto os homens sobressaem especialmente nas áreas duras [também conhecidas como exatas]. O gênero feminino é minoria em quase todas as temáticas, alcançando equidade ou maior participação em somente 34% das 80 áreas classificadas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Ou seja, as mulheres são minoria em 66% delas. Em uma comunidade acadêmica que totaliza 105.575 casos de docentes ligados a programas de mestrado e doutorado, 58% são homens e 42% são mulheres.
“Ainda é preciso um esforço duplo para diversificar a ciência: há que se incluir mais mulheres nas posições de difusão do conhecimento, mas também promover a melhor divisão de tarefas na sociedade, orientando novas formas de sociabilidade que estimulem os homens a olhar para o cuidado, assim como as mulheres a seguir carreira nas ciências duras”, afirmam os autores.
Virgínia Brandão(à esq.), diretora da Mulher da Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge), diretora também do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro (Senge RJ), ressalta que a afirmação das mulheres nas áreas da ciência e da tecnologia é um passo fundamental para uma sociedade mais justa. “Precisamos lembrar que as lutas feministas representam a busca por democracia e direitos iguais para todos, sem nenhum tipo de discriminação. Visam a paz e a harmonia entre as pessoas, educação de qualidade, fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), pleno emprego, preservação do meio ambiente, e a defesa da vida das mulheres – ainda sob constante ameaça e risco, em especial as mulheres negras. Dia 8 de março é dia de luta.”
Mulheres na Ciência Brasileira
Foto1: detalhe – AFP/no site Brasil de Fato
Foto 2: Virginia Brandão, diretora do Senge RJ, – 8M 2019 – divulgação Senge RJ