O Conselho Municipal de Meio Ambiente da Cidade do Rio de Janeiro (Consemac) aprovou, no dia 12, a proposta de criação de uma Unidade de Conservação de Proteção Integral na Floresta do Camboatá. “A preservação da área é vitória importante da sociedade civil, que se mobilizou, no ano passado, em uma campanha fortíssima e bem ampla contra a construção de um autódromo na região”, destaca o engenheiro agrônomo Jorge Antônio, diretor do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro (Senge RJ) e integrante da coordenação da Conferência Livre Estadual do Meio Ambiente e Agricultura RJ (CLEMAARJ), que reúne 127 entidades e mobiliza mais de mil pessoas, responsável pela articulação de grande parte dos apoios à causa da floresta.
O projeto da unidade de proteção prevê visitação e outros usos não impactantes por parte da população, conta Jorge Antônio. A ideia é preservar a fauna e a flora nativas, desenvolver pesquisas, frequentar parte da floresta para o lazer e promover fontes de receita para as comunidades do entorno, por exemplo, com horta comunitária, turismo ecológico com os jovens da região, a oferta de oficinas e artesanatos. Uma usina de compostagem poderia ser instalada nos trechos degradados. A “Proposta para Criação do Parque Natural Municipal do Camboatá” foi elaborado pelo Grupo Ação Ecológica, aprovado pela CSP-UCA e submetido ao plenário do Consemac em 2016.
Segundo Abílio Valério Tozini, coordenador da Comissão Permanente de Meio Ambiente do Crea RJ, representante da Federação Municipal das Associações de Moradores Consemac, são 2,3 milhões de metros quadrados de floresta, cercados por muro de cinco metros de altura, e com 70% das espécies em estado médio e avançado de regeneração. “As matrizes das sementes se regeneraram e a floresta é muito rica em diversidade”, diz. “Por ser extensa, tem também uma fauna significativa, em especial de pássaros, para se reproduzir. É a única área de mata atlântica do Rio que sobrou, em terras baixas, sem que fosse ocupada. E maior que ela, no estado do Rio, só em Campos, nas terras de fazendas.”
A resolução aprovada pelo Consemac destaca que a unidade de conservação estaria de acordo com a proposta de implantação de um corredor ecológico entre os maciços da Pedra Branca e do Gericinó-Mendanha, constante do projeto “Corredores Verdes”, fruto do Grupo de Trabalho instituído pelo Decreto nº 34.526, de 03 de outubro de 2011, e da Resolução Smac P nº 183, de 7 de novembro de 2011.
Com a aprovação pela Prefeitura da indicação do Consemac, a área, atualmente de propriedade da União, seria municipalizada. Historicamente, conta Abílio, o Exército tem usado a floresta para treinamentos militares de operações na selva. Por isso, a Prefeitura do Rio de Janeiro está negociando com as Forças Armadas parceria em um programa educacional e museológico, envolvendo antigos paióis e casamatas, da mesma forma que a imensa caixa d́’água de pedra, que pertenceu à fazenda Sapopemba, no século 19.
A luta em defesa da Floresta do Camboatá tem pelo menos cinco anos, lembra Jorge. A criação da campanha SOS Floresta do Camboatá foi um dos seus momentos mais relevantes, com a adesão de artistas e formadores de opinião no Brasil e no mundo, assim como a incorporação da causa às bandeiras da CLEMAARJ. “É uma conquista da maior relevância”, diz.
Foto: vista aérea da Floresta do Camboatá – Jefferson Teófilo/Prefeitura do Rio