A Comissão de Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) vai propor a criação de uma Frente Parlamentar para defender as empresas estatais e a soberania nacional. A ideia foi apresentada durante audiência pública virtual do colegiado, nesta quarta-feira (16/12), que discutiu a proposta de privatização da empresa estatal Nuclebrás Equipamentos Pesados S.A. (Nuclep). Foi consenso entre os participantes que uma possível venda da empresa, que tem sede em Itaguaí, no litoral sul-fluminense, acarretará prejuízos econômicos e sociais ao estado e ao país.
“A Alerj tem sido protagonista no debate sobre o processo de desenvolvimento do estado, com o Fórum da Assembleia de Desenvolvimento Estratégico do Estado. Estamos passando a limpo as questões de diferentes setores da economia fluminense e criando mecanismos legais ou políticos para um projeto de desenvolvimento econômico e social”, comentou o presidente do grupo, deputado Waldeck Carneiro (PT), após anunciar a proposta da Frente.
A ideia de constituir a Frente foi proposta na audiência pelo Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro (Senge RJ). O Senge RJ já mantém o SOS Brasil Soberano, movimento destinado a recolher subsídios e contribuições para um projeto nacional com mais empregos, soberania e justiça social.
Melquizedeque Cordeiro, representando a Associação de Empregados da Nuclep, apresentou o histórico da empresa, responsável por projetar, fabricar e comercializar componentes pesados relativos a usinas nucleares e à construção naval, entre outros produtos. Para ele, a manutenção da Nuclep sob responsabilidade do Estado é também uma questão de segurança. “Nossa luta é por manter a empresa como estatal. Caso haja um acidente em Angra 1 ou Angra 2, imagine quanto tempo levaria para a contratação de uma empresa externa. Essas usinas são responsáveis por aproximadamente 50% da produção de energia do Rio de Janeiro”, destacou.
Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro (Sindimetal-Rio), Jesus Cardoso, a busca por lucro não é uma das premissas da empresa: “Sempre dizem que tem que dar lucro. A universidade pública é lucrativa? Não. A Nuclep é como uma universidade, é onde se aprende, é um farol para a nossa engenharia. Não estamos pedindo favor para manter empregos”.
Luiz Cosenza, presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-RJ), também destacou a relevância da Nuclep na produção de conhecimento: “Se o apagão que aconteceu no Amapá fosse de responsabilidade de uma empresa estatal, tenho certeza que estariam acabando com ela. Conhecemos a Nuclep e seus laboratórios. Só de se cogitar a privatização é um golpe em nossos engenheiros e em nossa soberania. A Nuclep não é para dar lucro”.
Fonte: com informações do site da Alerj