Fonte: CUT
Depois de uma série de retrocessos, com ataques a políticas públicas, a direitos trabalhistas e à Seguridade Social, o governo se prepara para acelerar o pacote de privatizações, que tem pelo menos 17 estatais listadas, entre Eletrobras e Correios, além de Petrobras que não está no anúncio inicial, mas é a joia da coroa que o ministro da Economia, Paulo Guedes, quer vender, assim como os bancos públicos – Caixa e Banco do Brasil -, fundamentais para desenvolvimento e a soberania do país.
Para impedir mais este retrocesso, petroleiros, bancários, professores, engenheiros, metalúrgicos, trabalhadores e trabalhadoras dos Correios, servidores públicos, terceirizados e de várias outras categorias profissionais e até os que estão desempregados vão ocupar a esplanada dos Ministérios em Brasília, no próximo dia 30, para defender as estatais brasileiras, a soberania do país, direitos e os empregos.
“O governo Bolsonaro está destruindo a Amazônia, a legislação trabalhista; tem planos para destruir a estrutura sindical e quer entregar nossas empresas estatais”, alertou o presidente da CUT, Sérgio Nobre, em vídeo publicado no Instagram da CUT Brasília, gravado durante participação na plenária sindical que aconteceu na capital federal, nesta terça-feira (22).
“O que está acontecendo é muito grave e é por isso que estamos convocando todas as categorias, donas de casa e os desempregados para se juntar a nós e defender o nosso país”, afirmou o dirigente. “No dia 30 de outubro daremos um recado a Bolsonaro e ao Paulo Guedes de que este país e as empresas estatais são dos brasileiros e das brasileiras e que não abrimos mão do patrimônio do povo brasileiro e do nosso futuro.”
Sobre a mobilização
A concentração do ato está prevista para ter início às 10 horas da manhã no Teatro Nacional. Na programação da mobilização está prevista uma marcha que vai passar por vários ministérios, entre eles o de Minas e Energia; da Educação, responsável pela queda de investimentos no setor e por projetos que desidratam e apontam para a privatização das universidades públicas; e o da Economia – superministério que sustenta o programa hiperliberal do atual governo. A mobilização deve terminar em frente ao Congresso Nacional, ao qual cabe a aprovação – ou a rejeição – dessa agenda recessiva, de terra arrasada.
“O projeto Bolsonaro é entregar as empresas públicas e nossas riquezas, essenciais para a soberania e o desenvolvimento do país, fundamentais para fazer o Brasil voltar a crescer”, disse o secretário-geral da CUT Brasília, Rodrigo Rodrigues. “Ele trabalha para entregar o futuro do Brasil e vender a preço de banana a possibilidade de voltar a transformar o país em favor da população.”
Segundo Rodrigues, que também é professor, a educação está mobilizada em torno desta bandeira porque o financiamento de uma educação pública e de qualidade depende dos royalties do pré-sal, que estão ameaçados por este governo. “Entendemos que parte da soberania nacional também diz respeito a financiar serviço público de qualidade, como educação e saúde. A entrega das empresas estatais e de nossas riquezas significa também não ter investimento em políticas públicas tão importantes para enfrentar a desigualdade social do país.”
As frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, em reunião com a CUT, também confirmaram presença no ato em Brasília, ao lado de outras centrais, e vão mobilizar mais de cem movimentos sociais do entorno de Brasília para engrossar a manifestação pela soberania, por direitos e empregos. Caravanas dos estados mais próximos de Brasília, como São Paulo, Goiás, Minas Gerais e Bahia estão sendo organizadas.
Parada especial na frente do Ministério da Economia
Para o coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP), José Maria Rangel, é muito importante que a CUT esteja chamando este ato unificado de todos os trabalhadores e trabalhadoras de estatais e das empresas públicas para que, no mínimo, consiga chamar a atenção da população e denunciar o desmonte do Estado e dos direitos para quem ainda não entendeu o que está acontecendo.
“O momento mais importante do ato será quando estivermos em frente ao ministério da Economia para denunciar que Paulo Guedes, o ministro de Bolsonaro, quer privatizar tudo”, acredita José Maria Rangel. “E é muito importante que estejamos nesta luta o tempo que for necessário”.
O petroleiro lembrou que nos próximos dias 6 e 7 de outubro o governo quer entregar ‘a preço de banana’ campos de petróleo extremamente rentáveis para pagar dívida com os banqueiros e em nenhum momento se mostrou preocupado com o que está acontecendo no país e muito menos com os trabalhadores e as trabalhadoras.
“Eles [Bolsonaro e Paulo Guedes] vão entregar nossos campos de petróleo que são extremamente rentáveis, de boa qualidade e bastante quantidade. É uma situação que não existe risco de não achar petróleo porque foi tudo mapeado e o Brasil vai perder a oportunidade de se desenvolver e de distribuir renda de forma mais justa e solidária”, criticou Rangel.
O presidente do Sindicato dos Bancários do ABC, Belmiro Aparecido Moreira, fez questão de ressaltar a importância de a população e os trabalhadores e as trabalhadoras defenderem os bancos públicos. Segundo ele, mais de 80% do crédito imobiliário e mais de 72% do crédito rural são feitos por bancos públicos. São essas instituições, observou, que implementam as principais políticas públicas com créditos em infraestrutura e contribuem para a urbanização, para agricultura e a industrialização do país.
“É por meio dos bancos públicos que o povo tem dignidade”, afirmou o dirigente. “E é por isso que a categoria também estará nas ruas de Brasília no dia 30 junto a todas as outras para não deixar que esta política de devastação do nosso país e do aumento da pobreza e exclusão social continue”.