Fonte: Brasil de Fato
O nome da deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ) virou a polêmica dos últimos dias entre os assuntos que envolvem o governo golpista de Michel Temer (MDB, ex-PMDB).
Nomeada por ele no último dia 4 como nova ministra do Trabalho, ela foi impedida judicialmente de tomar posse por já ter sido condenada na Justiça do Trabalho por violação de direitos. O magistrado responsável pelo caso considerou que a nomeação da petebista ofende o princípio da moralidade administrativa.
Cristiane Brasil é filha de Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB e delator do mensalão. Para o líder da bancada do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS), a nomeação está relacionada à preocupação de Temer com o fortalecimento da relação com Jefferson.
“Isso revela que a relação que o Temer tem hoje com o Roberto Jefferson é de dependência, de compromisssos com certeza não republicanos cujo pagamento passa pela nomeação da filha ministra”, diz.
Parlamentar de caráter conservador, Cristiane Brasil foi a responsável pela articulação que levou a legenda a fechar questão a favor do golpe que afastou a presidenta Dilma Rousseff (PT), em maio de 2016.
O PTB pertence a um bloco parlamentar que reúne também os partidos Pros, PSL e PRP. Juntos, eles somam 26 deputados. Por esse motivo, a oposição entende que a nomeação é uma moeda de troca para que Temer consiga aprovar a reforma da Previdência, que deve ser votada em fevereiro.
Para aprovar a reforma, o governo precisa de 308 votos e hoje conta apenas com cerca de 260. Pelo menos cem deputados ainda estariam indecisos.
Para o líder do Psol na Câmara, Glauber Braga, do Rio de Janeiro, uma eventual desistência de Temer quanto à indicação da deputada poderia prejudicar a relação com vários partidos menores da base aliada. “Seria uma demonstração pro ‘baixo clero’ de que o governo não está defendendo os interesses deles nesse processo de disputa pra fora da Câmara, então, ele tem que dar demonstrações de que defende o interesse dos deputados que dão sustentação ao governo”, analisa.
Na Câmara Federal, Cristiane Brasil está em seu primeiro mandato. Nos últimos dois anos, ela votou favoravelmente às propostas do governo, incluindo o Teto dos Gastos Públicos, a reforma trabalhista e a terceirização para as atividades-fim. A deputada também se posicionou a favor de Temer na votação das duas denúncias criminais apresentadas contra ele pelo Ministério Público Federal.
O Brasil de Fato tentou ouvir a deputada através de sua assessoria, mas não conseguiu contato. Ela tem dito à imprensa que não irá abrir mão do cargo.