SENGE-RJ: Na sua opinião, quais são as perspectivas quanto ao futuro do ensino médio/técnico em relação à reforma em curso?
Carlos Henrique Alves: Acho cedo ainda para fazermos um diagnótico quanto ao futuro do ensino médio/técnico em relação à reforma. Estamos fazendo uma discussão interna sobre as mudanças e como implementá-las, mas acredito que para nós pouca coisa irá mudar. A verdade é que o ensino médio estava precisando de mudanças e, essas mudanças já vinham sendo discutidas há bastante tempo.
SENGE-RJ: Quais os cursos de Engenharia que a instituição possui e quais os mais procurados?
Carlos Henrique Alves: Primeiramente, é preciso frisar que o Cefet não possui apenas cursos de Engenharia, mas em diversas outras áreas de conhecimento. Quanto às Engenharias, hoje o Cefet possui os cursos de Eng. Mecânica, Eng. Elétrica, Eng. Eletrônica, Eng. de Telecomunicações, Eng. de Controle e Automação, Eng. Civil, Eng. Ambiental, Eng. de Produção, Eng. de Computação e Eng. de Alimentos. O campus sede, Maracanã, possui todos os citados, menos Alimentos e Computação. A procura varia muito pelo município onde possuímos campus. Estamos em Nova Iguaçu, Petrópolis, Nova Friburgo, Itaguai, Valença e Angra dos Reis.
SENGE-RJ: Diante da crise econômica e política, que afetou diretamente a indústria de petróleo e gás, como está a procura pelos cursos nessa área nos dois níveis?
Carlos Henrique Alves: Não temos o curso específico em petróleo e gás. Chegamos a discutir a implantação de um, mas o investimento era muito pesado e a procura reduzida, então decidimos não investir. Logo após veio a crise e concluímos que fizemos a escolha certa.
SENGE-RJ: Ainda falando na crise econômica e política, como está o orçamento da instituição para a manutenção de suas atividades? Existe possibilidade de uma possível descontinuidade do Ensino a Distância, devido a essa crise e, no seu entendimento, qual o impacto gerado nas empresas pela falta de mão de obra especializada?
Carlos Henrique Alves: Não só o Cefet, mas todas as Instituições Federais tiveram seus orçamentos reduzidos. Tivemos que fazer um exercicio muito grande para ajustar o orçamento e mesmo assim não sabemos se terminamos o ano com todas as contas zeradas. Nosso custeio foi reduzido a níveis quase insustentáveis e estamos brigando para o retorno do investimento.
Quanto ao EaD, a Setec ofertava mais de 100 mil matriculas em 2016 e reduziu a oferta para apenas 30 mil. O Cefet ficou fora quando eles aplicaram a redução, o que nos forçou a finalizar nossa oferta para os cursos de nível técnico à distância. Continuamos ofertando EaD no Ensino Superior em convênio com o Cederj.
O problema da falta de mão de obra especializada sempre existiu e continuará existindo até o momento em que os governantes se conscientizarem que educação é investimento e esse investimento precisa ser feito de maneira continua e organizada. O governo atual precisa acreditar e credibilizar as Instituições Federais, pois elas são responsáveis por mais de 90% de toda a pesquisa cientifica básica e aplicada feitas em território nacional.
É fundamental a continuidade dessas pesquisas e a manutenção desses cérebros no país.
SENGE-RJ: Qual o critério adotado para a criação de novos cursos de engenharia?
Carlos Henrique Alves: Criamos regras para a criação de cursos novos. Aprovamos em Conselho um PAC (Plano de Abertura de Cursos) que elenca uma série de ítens que vão desde a pesquisa de mercado, estudo de demanda, quantidade de investimento, contratação de servidores e etc. Isto é funadamental para o sucesso do curso.
SENGE-RJ: Como é vista a importância do curso técnico para o aluno que pretende ingressar na faculdade de engenharia?
Carlos Henrique Alves: Comprovadamente o aluno que faz um curso técnico tem uma probabilidade de sucesso muito grande num curso de engenharia. É visivel a diferença de preparo entre um ex aluno nosso que ingressa numa das nossas engenharias e um aluno que vem de um curso médio propedeutico.
SENGE-RJ: Quais os municípios abrangidos por essa Instituição nos cursos presencial e à distância nos dois níveis?
Carlos Henrique Alves: Conforme já mencionado, o Cefet atua nos municípios de Nova Iguaçú, Petrópolis, Nova Friburgo, Itaguaí, Valença e Angra dos Reis, ofertando cursos presencias nos dois níveis, incluindo vários cursos de pós graduação lato sensu. Na sede possuimos também mestrado e doutorado em várias áreas.
Na Educação à distância, ofertamos Cursos Superiores em vários Municipios, espalhados de norte a sul do Rio de Janeiro, em convênio com o CEDERJ, fazendo parte do projeto da Universidade Aberta do Brasil (UAB). No ensino médio, participávamos do e-tec e, em convênio com as prefeituras, também ofertávamos cursos técnicos espalhados de norte a sul, mas esse projeto foi descontinuado por falta de orçamento específico.
SENGE-RJ: O SENGE criou há dois anos a Diretoria de Interiorização e temos recebido diversos pedidos para darmos mais atenção a essas regiões do estado, frequentemente esquecidas. O que nos chamou atenção em relação a este nosso olhar para o interior, foi a presença dos cursos técnicos e de graduação à distância do CEFET, percebemos que principalmente os cursos técnicos desta instituição se espalharam pelo interior do estado e atingem principalmente regiões onde não existem escolas técnicas, preenchendo assim uma lacuna existente na formação profissional do interior do nosso estado, cumprindo um papel social de grande relevância.
Dentro deste contexto perguntamos:
SENGE-RJ: Na oferta de 2017 quantas matrículas foram disponibilizadas para os cursos técnicos a distância? E qual o previsão para 2018?
Carlos Henrique Alves: Projeto descontinuado por falta de orçamento específico.
SENGE-RJ: Na oferta de 2017 quantas matrículas foram disponibilizadas para os cursos de graduação a distância? E qual a previsão para 2018?
Carlos Henrique Alves: Para a graduação à distância foram disponibilizadas 450 matrículas para 2017, que serão mantidas para 2018.