Mobilizar a sociedade contra a privatização do setor elétrico estatal brasileiro é o objetivo da campanha que será lançada pelo Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE), nesta terça-feira (12) na Câmara dos Deputados em Brasília. O lançamento da campanha #EnergiaNãoéMercadoria será feita em conjunto com a criação da Rede Parlamentar em Defesa da Soberania Energética e Nacional.
A campanha e a rede querem frear a tentativa do governo de Michel Temer de acabar com o rombo nas contas públicas que deve ficar entre R$ 150 e 155 bilhões, a custa da privatização das empresas de distribuição, transmissão e geração de energia do país, como a Eletrobras, uma das maiores empresas de energia do mundo e a líder na América Latina, responsável por mais de 30% da geração de eletricidade e por 50% das linhas de transmissão de energia do Brasil. A expectativa é arrecadar R$ 20 bilhões com a venda das ações da empresa, valor irrisório já que a empresa vale cerca R$ de 400 bilhões.
Com a privatização das mais de 270 subestações e seis distribuidoras de energia nos estados Piauí, Acre, Roraima, Amazonas, Rondônia e Alagoas, o Brasil irá perder o controle dos mais importantes rios do país, o que colocará em risco a soberania nacional. A venda das empresas energéticas também irá mexer com o bolso do consumidor, isso porque a privatização vai implicar em uma revisão do atual modelo tarifário. Já que as empresas não serão mais obrigadas a vender por preço de custo. Por exemplo, em Rondônia, estado atendido por uma distribuidora da Eletrobras, o preço médio no final de 2016 era de R$ 630/1.000 kWh (quilowatt/hora). Já no estado do Pará, onde a distribuidora foi privatizada, a tarifa residencial custa R$ 740/1.000 kWh, cerca de 17% mais cara.
O Coletivo Nacional dos Eletricitários é composto por mais de 70 entidades sindicais e associações que representam os trabalhadores e trabalhadoras das empresas do setor elétrico estatal.