De acordo com dados do sindicato nacional da indústria naval, as demissões no setor atingiram 50 mil trabalhadores e trabalhadoras e dos 40 estaleiros instalados, 12 estão parados – e os demais operam bem abaixo da capacidade,
A Petrobras, segundo relatório divulgado esta semana, demitiu metade dos seus funcionários nos últimos três anos – foram 197 mil dispensas, consequência da crise financeira deflagrada com as investigações da Operação Lava Jato. A maioria absoluta dos cortes feitos pela empresa foi entre os funcionários terceirizados (demissão de 180 mil dos 297 mil prestadores de serviço).
O desmonte da estatal também avança: nesta quarta-feira (31) a Justiça Federal de Sergipe aprovou a operação de venda, por R$ 2,8 bi, da Liquigás, subsidiária integral da companhia, para o grupo Ultra, um dos maiores do mercado brasileiro. A decisão favorece uma forte concentração de mercado – 4 empresas irão dominar o setor de distribuição de gás de rua no país.
“Tragédia nacional”
“A recessão atual é a mais grave da história do país”, afirma o dirigente sindical Adilson Araújo, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB). Adilson avalia que o papel do Estado como indutor do desenvolvimento “está praticamente destruído” e, com isso, setores estratégicos como o de petróleo e gás, a indústria naval e a construção civil padecem de uma profunda crise.
“O consórcio que lidera o desmonte do setor produtivo do nosso país ainda tem como aliado a operação Lava Jato que investiga o CPF dos envolvidos, mas condena o CNPJ, a empresa. Em três anos essa operação extinguiu 740 mil postos de trabalho e quase paralisou a indústria da construção civil, que durante 10 anos tinha participação de 14% em média no PIB nacional”, diz Adilson.
O estudo “Sem industrialização não há desenvolvimento”, lançado pela Federação Interestadual dos Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil (Fitmetal), denuncia as taxas negativas da indústria e a alta do desemprego e pede ao governo que reverta suas políticas para o setor.
A medida mais criticada pelos metalúrgicos é a nova regra de conteúdo local para o setor de petróleo e gás, que reduz em 50% o índice mínimo exigido de produção nacional para as empresas que participarem dos próximos leilões de petróleo e gás, marcados para setembro e novembro desse ano, favorecendo a internacionalização dos recursos nacionais.
“É uma tragédia para a indústria nacional. Tanto o movimento sindical quanto o setor produtivo nacional foram deixados de lado na discussão que definiu as novas regras para os leilões”, diz o documento, afirmando que a indústria naval brasileira empregou mais de 80 mil trabalhadores e trabalhadoras na primeira década deste século e, nos últimos dois anos, calcula-se que mais de 40 mil postos de trabalho foram extintos. “Este cenário precisa ser revertido, e não aprofundado”, conclui.