Fonte: Tribuna da Imprensa Sindical
Na sexta-feira (31), o presidente do SENGE-RJ, Olímpio Alves dos Santos, abriu na cidade do Rio de Janeiro o ‘I Simpósio SOS Brasil Soberano’, evento que terá quatro etapas (
confira o programa) visando alcançar alternativas e soluções práticas para a crise que assola o país, tendo como principal objetivo construir um verdadeiro projeto de Nação.
Dividido em duas partes (manhã e tarde), a abertura do evento contou com a participação de Francisco Teixeira, um dos coordenadores do projeto, Pedro Celestino, presidente do Clube de Engenharia, Newton Augusto Cardoso de Oliveira, coordenador geral da pós-graduação da Faculdade Presbiteriana Mackenzie, e Duda Quiroga, secretária de comunicação da CUT-Rio.
EMPREGO E PROCESSO PRODUTIVO
A primeira mesa “Emprego e processo produtivo”, discutiu como a crise política e econômica causada pelo golpe que derrubou a presidenta Dilma Rousseff afeta o emprego e a engenharia nacional. O debate contou com a participação do economista Marcio Porchmann, do político Roberto Amaral, do engenheiro e contra-almirante Alan Paes Leme, da deputada federal Jandira Feghali e do jornalista Luis Nassif.
O ex-ministro Roberto Amaral acredita que existem três linhas de atuação fundamentais: resistência, desfazer o que foi feito pelo governo golpista e a reconstrução do Estado. “O hoje está perdido”. É assim que define o momento em que o Brasil vive. Para ele, não é possível reconstruir o país em curto prazo, nem do ponto de vista econômico, nem do ponto de vista político.
Jandira Feghali frisou que a luta contra a reforma da previdência deve ser prioridade. “Estou no Congresso desde 1991 e nunca vi nada tão cruel quanto essa reforma da previdência”, criticou.
Luis Nassif disse que “o governo está desmanchando. A reforma da previdência é o decreto de morte de idosos”. Também afirmou estar impressionado com a consciência política da juventude. “Nunca vi uma juventude tão madura e tão antenada”.
ESTADO, EMPREGO E O SETOR DE SERVIÇOS
A segunda mesa foi realizada no período da tarde, o debate evidenciou a importância da união de todos os setores progressistas contra os retrocessos, pela unidade sindical, política e dos movimentos sociais. Intitulada “Estado, emprego e o setor de serviços”, a mesa mediada por Clovis Nascimento, presidente da FISENGE e vice-presidente do SENGE-RJ, recebeu o deputado federal Alessandro Molon, o professor Fernando de Araujo Penna, o deputado federal Glauber Braga, o jornalista Marcelo Auler e o economista e professor Carlos Lessa. O foco principal deste debate foi discutir a retomada dos programas de prevenção a endemias, educação, saúde das famílias, reflorestamento e demais ações induzidas.
O professor Fernando de Araujo Penna, falou sobre a nefasta reforma do ensino médio, impostas pelo pequeno Temer, que na pratica trará muitos prejuízos, na verdade é uma contrarreforma. “A escola pública do Temer não irá oferecer todas as opções de itinerários formativos para os alunos. Já as escolas particulares continuarão a oferecer tudo aos seus alunos e isso é muito perigoso, aí começa a segregação. Eles congelam os investimentos para a Educação e depois pedem grana para o BID (Banco Interamericano de desenvolvimento) que loucura!”, frizou
Alessandro Molon, deputado federal (REDE-RJ), defendeu que não há solução imediata para a crise que o Brasil vive. No entanto, acredita que o caminho é de resistência e união. “O objetivo deles é a destruição do estado brasileiro – programa que foi derrotado em 2014 – não é apenas a pessoa que ocupa o cargo de presidente da Republica – é uma usurpação de poder total – inclusive estão vendendo nossas terras para estrangeiros. O título deste simpósio é muito feliz, pois é capaz de ampliar o grupo de pessoas”, afirmou.
Glauber Braga, deputado federal (PSOL-RJ), acredita que não se trata apenas de resistir ao programa imposto, é necessário pensar no que será colocado no lugar, enfrentando as elites. Como Molon, Glauber defende a união com setores que possam fazer resistência com a esquerda. “Temos que trazer para o nosso lado àqueles que possam resistir conosco”, disse.
O jornalista Marcelo Auler, citou a importância da mídia nesse processo. Segundo ele, os meios de comunicação não mostram o que está acontecendo com o Brasil. “Não tem uma página de jornal falando hoje da ditadura militar num momento que tem um bando de porras loucas gritando pela volta da ditadura”, criticou.
Eu concordo com quem veio aqui questionar a democratização dos meios de comunicação (…) como esse Congresso é de donos de rádio e televisão, e que não poderiam ser, eles não vão democratizar nada, então nós não temos nem a ‘grande mídia’ nem os políticos, que fazem o jogo da mídia hegemônica, eu acho que o caminho é a mobilização, conscientização da população, (…) ir para as praças sim, para as igrejas, os sindicatos, escolas, até para que não tenha escola sem Partido porque isso é uma loucura (…) e um dos trabalhos que devemos viabilizar e sustentar é a mídia alternativa na internet, porque é uma mídia que passa por dificuldades na medida em que depende de outras ajudas para ser sustentada (…), afirmou o jornalista e blogueiro.
O professor e economista Carlos Lessa, encerrou a segunda mesa criticando o fato de que o país continua periférico no contexto econômico mundial, pois depende de minérios e produtos agropecuários. Lembrou que 84% da população vivem nas cidades, e frisou que, mesmo os setores industrializados que se desenvolveram, cresceram com base no endividamento das famílias, como o setor automobilístico.
“Não é apenas um projeto. Existe um espaço espetacular para conciliação e ampliação. Projeto nacional depende primeiramente descobrir que país é o Brasil. Depois disso, a juventude deve ser mobilizada através da utilização de patrimônio público subutilizado. Não é para privatizar, é para utilizar”, defendeu.
O mediador da mesa “Estado, emprego e o setor de serviços”, Clovis Nascimento, vice-presidente do SENGE-RJ e presidente da FISENGE, afirmou que o Brasil vive uma crise sem precedentes. “É uma crise institucional e política, que partiu de um golpe muito bem engendrado. Temos que construir propostas. Nossas contribuições devem ter como objetivo a melhoria da qualidade de vida”, enfatizou.
Para o presidente do SENGE-RJ e vice-presidente da FISENGE, Olímpio Alves dos Santos, o principal objetivo é construir uma discussão de projeto de Nação. “Precisamos de um projeto de emergência, urgente. É necessário abrir o debate a despeito de toda a resistência. O que assistimos é o desmonte do Estado, que foi construído na década de 30”.
PRÓXIMAS ETAPAS
Em 27 de abril, o ‘II Simpósio SOS Brasil Soberano’ será realizado em Salvador (BA) com o tema “Engenharia, Tecnologia e a Modelagem da Empresa no Brasil”, terá duas mesas de debates: “O papel das empresas privada e estatal num país soberano”, e “Uso dos recursos naturais no Brasil”.
O III Simpósio será em Belo Horizonte (MG), em 25 de maio, e debaterá “Quais as reformas e para que as reformas?”. Em 30 de junho o IV Simpósio, em Curitiba (PR), discutirá o tema “Brasil, 2035, uma Nação Forte, Democrática e Soberana”. (com informações do SENGE-RJ)
NOSSA CONTRIBUIÇÃO
Próximo ao encerramento do evento, foi aberto para o auditório o debate. O editor do site TRIBUNA DA IMPRENSA Sindical contribuiu com a seguinte pergunta: Parabéns ao SENGE-RJ e a FISENGE pela iniciativa. Não teremos Brasil soberano sem o fim da concentração dos meios de comunicação, nas mãos dos velhos barões da mídia. No momento seguem pressionando os parlamentares, querendo limitar a franquia de internet para inviabilizar o acesso a sites e conteúdos contra-hegemônicos, o que podemos fazer para barrar mais esse ataque neoliberal? Confira os comentários dos deputados pelo Rio de Janeiro Alessandro Molon (PT) e Glauber Braga (PSoL):