Via FISENGE
O Coletivo Nacional do Eletricitários (CNE) se reuniu no dia 25 de outubro com o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior, para discutir os planos de reestruturação das empresas da holding e cobrar compromissos na relação com os trabalhadores do setor elétrico federal. Gunter Angelkorte, diretor da Fisenge, esteve presente no encontro realizado na sede da Eletrobras, no Rio de Janeiro.
Segundo Gunter, Ferreira Jr. informou que prosseguirá com os planos de privatizar as distribuidoras de energia hoje controladas pela Eletrobras (o processo já está em curso desde o governo Dilma, com a venda da Celg-D, de Goiás, adiada e prevista para ainda este ano), mas também quer vender as participações nas empresas com ações minoritárias. O executivo havia assumido a presidência da Eletrobras em julho com discurso de que não venderia ativos além das distribuidoras de energia (leia aqui). “As chamadas Sociedades de Propósito Específico (SPE) são todas empresas com esta configuração, inclusive por determinação legal, e são criadas em parceria com o setor privado com objetivo único, como a realização de uma obra. Logo, o objetivo da atual gestão é se desfazer de todas as SPEs”, critica Gunter. Segundo a Folha de S. Paulo, atualmente a Eletrobras participa de 174 SPEs, e Ferreira Jr. pretende arrecadar R$20 bilhões com a venda desses ativos (leia aqui).
Há um mês, o presidente afirmou à imprensa que a Eletrobras era ineficiente em todas as atividades que operava (leia aqui). Os trabalhadores cobraram do presidente explicações sobre esta declaração, uma vez que, indiretamente, ela atinge todos os empregados do setor elétrico federal. “Ferreira Jr. tentou se justificar dizendo que não se referia aos trabalhadores e que foi mal interpretado, talvez ignorando que a empresa não é uma pessoa, um organismo autônomo. Essa declaração ofende diretamente os trabalhadores que lutam para que a Eletrobras cumpra seu papel social”, diz Gunter.
A avaliação coletiva é de que, apesar de sinalizar que irá continuar com as privatizações, Ferreira Jr. não esclareceu de que forma isso será feito nem como os trabalhadores serão tratados nesta reestruturação. “É o filme que já vimos no passado: o ‘privatista’ não informa o que vai fazer, não discute, não debate. Simplesmente age. É uma prática que não admite diálogo”, critica Gunter. “A mensagem que as entidades sindicais têm para os trabalhadores é simples: temos de nos mobilizar para disputar o discurso da privatização, questionando sua legitimidade. Não podemos simplesmente aceitar o discurso privatista, que inclusive é preconceituoso, ao buscar dividir os trabalhadores entre ‘velhos’ e ‘novos’, como se os trabalhadores mais antigos tivessem de ir pra casa. A atual gestão pretende unificar diversas áreas administrativas e isso vai gerar desemprego, porque não haverá vagas para todos os trabalhadores”, alerta o diretor da Fisenge.
Os dirigentes sindicais informaram que irão entregar documento à presidência da Eletrobras com as posições dos trabalhadores sobre estas questões. Segundo a Federação Nacional dos Urbanitários (FNU), a expectativa é que uma nova reunião seja marcada em novembro, com a retomada da discussão da PLR 2015