Entrevista: vistoria da parte mecânica

Profissional vistoriador deverá conhecer os equipamentos a serem analisados, a principal diretriz será as normas da ABNT, pois no sistema mecânico existem diferentes pontos de segurança a ser analisado e pontuados

Em entrevista para o SENGE-RJ, o engenheiro e coordenador do curso de Auvistoria, Luiz Baratta, fala sobre os principais pontos a serem observados na vistoria da parte mecânica. Para ele, é fundamental que o profissional vistoriador deverá conhecer os equipamentos a serem analisados, a principal diretriz será as normas da ABNT, pois no sistema mecânico existem diferentes pontos de segurança a ser analisado e pontuados.

 

SENGE-RJ: Como o senhor avalia a lei de Autovistoria na parte referente à Engenharia Mecânica. Por favor, citar os pontos positivos e negativos.

Estima-se que no Brasil haja em torno de 300 mil elevadores em operação e no Rio de Janeiro algo próximo de 60 mil elevadores e mais de 80 % foram construídos e instalados com base nas ABNT NB 30 e ABNT 7192, hoje canceladas e substituídas pela ABNT NM 207. Os elevadores existentes foram instalados com nível de segurança apropriado ao seu tempo. Este nível é mais baixo do que o nível atual mais avançado para a segurança. Para tanto, entrou em vigor a NBR 15597, válida a partir de 01/08/2010 que estabelece novas regras nacionais de segurança para elevadores. A norma, editada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), prevê que, a partir de agora, os elevadores deverão ter itens como avisos em braile nos pavimentos e na cabina, luz de emergência, interfone ligado à portaria e a casa de máquinas, aviso sonoro informando o andar, nivelamento preciso da cabina, entre outros relacionados a segurança de quem fará a manutenção nos equipamentos. Além disso, há uma tendência crescente na expectativa de vida das pessoas, além de pessoas com dificuldade de locomoção que devem ter seus direitos respeitados havendo acessos e facilidades para todos. Portanto, é muito importante fornecer um meio de transporte vertical adequado as pessoas com mobilidade reduzida, para que possam locomover-se sem o auxílio de terceiros. Além, das vistorias dos equipamentos eletromecânicos (elevadores e escadas rolantes), temos o sistema de gás e bombas, as quais são de suma importância para análise do seu melhor desempenho.

Positivo: Após o desabamento simultâneo de três prédios contíguos no Centro do Rio, essas Leis foram promulgadas para disciplinar a certificação das condições de conservação, estabilidade e segurança das edificações. Cada edifício deve ser alvo de diferentes frequências de vistorias, dependendo das diferentes idades e outras especificidades. Aqui estão incluídas todas as disciplinas.

Negativo: Embora possam estar explicitamente relatados no laudo os nomes de todos os profissionais que fizeram a autovistoria, a legislação, ao solicitar a responsabilidade técnica de um profissional apenas para sua assinatura.

 

SENGE-RJ: Quais os principais pontos que um profissional deve observar na vistoria da parte mecânica? O que o senhor considera mais crítico/difícil?

Os sistemas de segurança dos equipamentos eletromecânicos (elevadores e escadas rolantes), além do sistema de gás e bombas, todos possuem pontos de suma importância para análise. O mais difícil fica por conta dos equipamentos eletromecânicos, pois requer a presença da empresa mantenedora no local das vistorias, isto é, a data escolhida deverá ser boa para ambos os profissionais, aliado ao uso de EPI’s – Equipamento de proteção individual que deverá ser usado nas vistorias.

 

SENGE-RJ: Que medidas devem ser tomadas para evitar problemas e, consequentemente, acidentes?

O profissional vistoriador deverá conhecer os equipamentos a serem analisados, a principal diretriz será as normas da ABNT, pois no sistema mecânico existem diferentes pontos de segurança a ser analisado e pontuados. Assim, a omissão ou a falta de conhecimento poderá acarretar em problemas para o sindico ou proprietário do prédio e o nosso papel é respalda-los em ações na forma de recomendações ou nas medidas reparadoras.

 

SENGE-RJ: Como deve ser a relação com os engenheiros de outras áreas para realizar a Autovistoria?

Sem dúvida, amistosa e de muita interação. Por toda sua incipiência (da legislação), coube ao SENGE-RJ a elaboração do Guia para, minimamente, orientar os profissionais na realização dos procedimentos, sempre ressaltando um fato fundamental que ainda passa despercebido pela legislação, que é a necessidade de uma equipe multidisciplinar para a realização correta dos trabalhos, nas suas diferentes especialidades. Por exemplo, não há como exigir de um profissional a análise do sistema de proteção contra descargas elétricas se essa não é sua especialidade, seria como pedir a um ortopedista um laudo oftalmológico, pelo simples fato de ambos serem médicos.

 

SENGE-RJ: Como engenheiro, como o senhor avalia a importância da engenharia para a sociedade civil?

A obrigatoriedade do cumprimento da vistoria deve vir acompanhada de um maior desdobramento e detalhamento da legislação, a exemplo do que já ocorre em cursos realizados pelo SENGE/RJ. Se há o real intuito de proteger o patrimônio edificado e as vidas que nele habitam (e não há razão para não acreditar que não haja), o poder público necessita instituir uma legislação que seja mais definitiva e incisiva nas obrigações dos profissionais que realizam as autovistorias, pois infelizmente, mais tragédias como a do Edifício Liberdade podem tornar a acontecer ou menores como uma explosão de uma unidade por deficiência no sistema de abastecimento de gás ou mesmo na queda de um aparelho de ar condicionado nas calçadas da cidade. Assim, a autovistoria tem consequências diretas no estado de conservação e funcionamento dos edifícios ao longo de sua vida. Ambos influenciam o valor patrimonial, contribuem para a priorização da manutenção rotineira, estabelecem a salubridade do ambiente e concorrem para segurança de todos.

 

 

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