O advogado e cientista político Jorge Folena e a jornalista Beth Costa receberam o professor de história e escritor Luiz Antônio Simas para um bate-papo importante sobre cultura e identidade.
O historiador tem a cultura popular carioca como um dos focos principais de trabalho. Ele enxerga essa cultura como uma expressão vibrante e complexa das identidades e das vivências dos moradores do Rio de Janeiro.
Luiz afirma que é possível educar uma pessoa de várias formas através da cultura. “A escolaridade não é sinônimo de educação. Você se educa na rua, você se educa na festa, você se educa no botequim, você se educa no terreiro, na igreja, no futebol…”.
A Cultura Popular como Ferramenta de Educação e Resistência
Beth Costa trouxe ao debate a resistência da cultura brasileira diante da guerra declarada pelo governo Bolsonaro (2019 – 2022) e indagou sobre a importância da cultura para a soberania. Luiz disse: “É impossível pensar em soberania sem cultura. Não se constrói o futuro se você não disputar o passado.”.
A cultura de um país, estado, cidade, bairro, rua, favela é a identidade de um povo e merece respeito e atenção. No Brasil, são muitas as pessoas que não têm a oportunidade de frequentar uma escola ou de sair de onde moram para aprender sobre outras culturas.
O que elas vivem, o que é passado de geração em geração, é o que as sustenta, é o que ajuda a criar a relação de pertencimento. Luiz Antônio Simas citou a obra “A Sabedoria da Escassez” do professor Milton Santos: “Nós somos existência, mas somos resistência. Resistimos e ao mesmo tempo inventamos algo diferente.”
Em suas reflexões sobre desenvolvimento, globalização e geografia humana, Milton Santos sempre deixou claro que “As práticas e os conhecimentos locais devem ser valorizados e respeitados“. Por isso, falar sobre cultura popular e a importância na educação deve ser algo frequente.
O Carnaval, as Festas Juninas, a Folia de Reis, a Congada, o Bumba Meu Boi, o Maracatu, a Capoeira, o Frevo e os Bailes Funks, além de transmitirem ensinamentos para quem os vive, movimentam a economia e contribuem para a visibilidade dos territórios.
A cultura popular não apenas preserva tradições e promove a diversidade, mas também fortalece os laços de pertencimento e resiliência de uma sociedade. Ao valorizar e disseminar suas expressões artísticas e rituais, como mencionado por Luiz Antônio Simas e Milton Santos, o Brasil celebra sua história compartilhada e enriquece uma identidade coletiva enraizada na riqueza cultural do país.
O programa Soberania em Debate, projeto do SOS Brasil Soberano, do Sindicato dos Engenheiros no Rio de Janeiro (Senge RJ), é transmitido ao vivo pelo YouTube, todas as quintas-feiras, às 16h. A apresentação é da jornalista Beth Costa e do cientista social e advogado Jorge Folena, com assessorias técnica e de imprensa de Felipe Varanda e Lidia Pena, respectivamente. Design e mídias sociais são de Ana Terra. O programa também pode ser assistido pela TVT aos sábados, às 17h e à meia noite de domingo e pelo Canal do Conde, no Youtube.
Texto: Nice Lira | Foto: Thomaz Silva / Agência Brasil