A reta final para a militância progressista levar seus candidatos ao segundo turno | Jorge Folena

"Não é momento para pessimismo; é hora da militância partir com tudo para consolidar as candidaturas de esquerda", diz Jorge Folena

Por Jorge Folena

A partir de domingo (29 de setembro) restará apenas uma semana para a militância do campo democrático popular e progressista entrar com garra e efetividade na campanha eleitoral dos candidatos a prefeito e vereadores nas diversas cidades brasileiras nessas eleições de 2024.

Como afirmou com assertividade o jornalista Paulo Moreira Leite, em sua participação nos Programas Boa Noite e Brasil Agora, da TV 247, respectivamente nos dias 26 e 27 de setembro, não é momento para pessimismo; ao contrário, é hora da militância partir com tudo para consolidar as candidaturas de esquerda em disputa, mesmo sabendo das dificuldades impostas pela classe dominante do país, que controla um cenário político em que o patrimonialismo mais vulgar ainda impera e segue com suas compras de votos, mentiras, baixarias etc.

O ex-deputado e ex-ministro José Dirceu também ressaltou em algumas oportunidades que, depois de consolidada a Revolução de 1930, o denominado campo democrático e popular conseguiu impor duras derrotas à classe dominante, como na eleição de Getúlio Vargas em 1950; de JK em 1955; nas vitórias contra a ditadura de 1964-1985 e nas eleições parlamentares de 1974 e 1978 (vitória do MDB contra a Arena); nas eleições de Lula (em 2002, 2006 e 2022) e de Dilma Rousseff (em 2010 e 2014).

Essas conquistas seguem sendo muito significativas, diante de todas as dificuldades advindas do controle da estrutura do Estado pelos setores mais atrasados do país. Mas, para que estas vitórias fossem alcançadas, foi fundamental a atuação da militância para orientar a classe trabalhadora nas referidas disputas políticas.

É importante lembrar a vitória histórica de Leonel de Moura Brizola para o governo do Estado do Rio de Janeiro, em 1982, ainda em plena ditadura, quando o trabalho da militância conseguiu derrubar o candidato da classe dominante, Moreira Franco (PDS), nos quinze dias anteriores à eleição, e o povo pobre da Zona Oeste da Cidade do Rio de Janeiro e da Baixada Fluminense abraçou Brizola e o elegeu governador do Rio.

Outra eleição histórica, lembrada por Paulo Moreira Leite, foi a de Luiza Erundina para a prefeitura da Cidade de São Paulo em 1988, depois da greve dos trabalhadores da CSN, em Volta Redonda, quando três trabalhadores foram mortos em decorrência da ação de militares do Exército.

É importante registrar que, em 1988, o Partido dos Trabalhadores elegeu os prefeitos das capitais São Paulo, Porto Alegre e Vitória e das importantes cidades de Campinas, Diadema, Santo André, São Bernardo do Campo, Santos e Ipatinga.

Ou seja, existe um histórico de vitórias do campo popular democrático e progressista, em decorrência do trabalho da militância contra todas as dificuldades impostas pela classe dominante do país, que emprega toda a sua estrutura para fraudar (ex.: caso Proconsult, na eleição de 1982 para o governo do RJ), mentir e tentar iludir a classe trabalhadora, valendo-se de pesquisas de opinião duvidosas, na esperança de induzir o eleitorado em favor dos seus candidatos (como a atuação de uma rede de TV na eleição presidencial de 1989, manipulando o debate; a veiculação de notícias sobre o sequestro de Abílio Diniz à véspera do segundo turno da eleição presidencial do mesmo ano etc.).

Assim, Paulo Moreira Leite está certo no seu chamado à militância para que entre fundo nesta reta final da campanha, para que possamos levar para o segundo turno o máximo de candidatos do campo progressista, sendo possível reverter situações em que candidaturas deste campo ainda não estão totalmente consolidadas nas disputas contra a direita liberal e os fascistas.

Vale lembrar que, segundo pesquisa de opinião promovida pela classe dominante em abril de 2023, 30% dos eleitores se consideram petistas. Ou seja, é um percentual expressivo do eleitorado, que tem se revertido em votos efetivos para candidaturas a vereadores e prefeitos em localidades onde o partido está disputando diretamente ou em coligações com outros partidos do campo democrático e progressista.

Portanto, não podemos cair na manipulação da classe dominante, que joga para tentar desanimar nossa militância. A hora é de sairmos em campo para conquistar os votos necessários para elegermos o máximo de prefeitos e vereadores identificados com a luta progressista e antifascista; pois derrotar as candidaturas a serviço dos neoliberais, que atuam contra os interesses do país e da classe trabalhadora, é o único caminho para consolidarmos a vitória do presidente Lula em 30 de outubro de 2022, em nossa contínua luta contra o fascismo.

 


 

*Folena é advogado e cientista político. Secretário geral do Instituto dos Advogados Brasileiros e Presidente da Comissão de Justiça de Transição e Memória da OAB RJ, Jorge também coordena e apresenta o programa Soberania em Debate, do movimento SOS Brasil Soberano, do Senge RJ.

Foto: José Cruz/Arquivo/Agência Brasil

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