Depois de participar de um debate na manhã desta terça, dia 28, na sede da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT, em São Bernardo, Celso Amorim deu breve entrevista a jornalistas que compareceram ao local.
Um dos principais elaboradores da política externa e de relações exteriores do Governo Lula, tarefa que incluiu uma participação ativa do ex-presidente em viagens e contatos pelo mundo, em missões políticas, diplomáticas e também comerciais, o ex-ministro classificou como absurdas as acusações de que Lula teria cometido lobby, e portanto algo condenável do ponto de vista jurídico ou ético, ao defender interesses brasileiros, e também empresas, na luta pela construção de acordos bilaterais ou multilaterais.
“Isso é um total absurdo. Isso demonstra a que ponto chegou a politização. Não vamos aqui defender o que é errado, esses escândalos na Petrobrás, acho que tudo tem de ser apurado, direitinho. Acho que ninguém deve assumir para si os eventuais erros, delitos cometidos. Agora, acusar um ex-presidente porque ele apoia as empresas brasileiras, isso é um total absurdo. Mas todos, olha, eu nem vou ficar citando nomes, porque se não depois fazem uma ação de calúnia contra mim. Mas é uma coisa absurda. Todos os ex-presidentes apoiam, e mesmo os presidentes no cargo”, disse Amorim, ao responder a pergunta sobre o tema.
“Claro, você não vai apoiar uma empresa brasileira contra outra. Agora, apoiar empresas brasileiras em assuntos que são interesse do Brasil, dentro da legalidade, acho inteiramente cabível . Acho que seria até surpreendente que um presidente ou ex-presidente não fizesse isso. Você está defendendo interesses brasileiros, empregos. Você não está defendendo aquela empresa, o lucro daquela empresa, mas quem trabalha naquela empresa. Então, isso (as acusações) é uma coisa descabida, mostra como as pessoas perderem a noção”, completou.
Durante sua palestra, num painel sobre política externa, Celso Amorim afirmara que a classe trabalhadora tem de estar muito unida nesse momento de desaceleração da economia, e ter “muita visão do futuro”. Sobre isso, respondeu: “Eu diria que houve muitas melhorias no Brasil nos últimos anos, especialmente para as pessoas mais pobres. É muito importante que essas conquistas sejam mantidas. É muito importante não perder de vista que o aprofundamento da crise política não interessa à classe trabalhadora. Acho que nós temos de trabalhar pela estabilidade e ao mesmo tempo pela manutenção dos direitos e de tudo aquilo que foi obtido”.
Ainda no decorrer da entrevista, ao comentar as críticas que recebeu em diferentes episódios de sua gestão como ministro das Relações Exteriores, Amorim disparou: “A mídia brasileira é mais conservadora que a média da elite nacional”.