Agricultores são mortos em ataque a acampamento no Rio

A violência aconteceu no Acampamento Emiliano Zapata, em São Pedro da Aldeia (RJ), nesta quinta-feira (9). O MST e os organizadores da Clemaarj 2020 divulgaram nota de repúdio à brutalidade.

Ataque ao Acampamento Emiliano Zapata (coordenado pela FETAGRI), em São Pedro da Aldeia (RJ), resultou na morte de dois trabalhadores rurais — seu Mineiro e Tião –, nesta quinta-feira (9). O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) divulgou nota de repúdio à brutalidade, que também foi condenada pelos organizadores da Conferência Livre Estadual do Meio Ambiente e Agricultura (Clemaarj 2020).

O Acampamento Emiliano Zapata fica dentro da Fazenda Negreiros, propriedade que é alvo de ação de desapropriação judicial. No ataque, além da violência contra os trabalhadores, foram mortos animais, destruídas ferramentas, móveis, utensílios. “Exigimos o rigor na apuração desses assassinatos e justiça para as famílias que há anos lutam pela terra em que estão vivendo”, afirma a nota MST.

O Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro (Senge RJ) também repudia o ataque e se solidariza com as famílias dos trabalhadores mortos.

Confira o texto do MST na íntegra:

⚠️*NOTA DE REPUDIO DO MST/RJ AO ATAQUE AOS TRABALHADORES RURAIS DE SÃO PEDRO DA ALDEIA*⚠️

É com revolta e indignação que repudiamos o ataque covarde ao Acampamento Emiliano Zapata, coordenado pela FETAGRI em São Pedro da Aldeia, interior do estado do Rio de Janeiro.

No momento em que vivemos uma intensa crise social e sanitária, onde organismos internacionais clamam pelo chamado a salvar vidas em primeiro lugar, temos o ataque de um suposto proprietário do latifúndio Fazenda Negreiros, propriedade que há anos possui uma ação de desapropriação  na justiça federal por não cumprir com a função social, em conivência com a polícia militar da região, que vai até o acampamento, ameaça as famílias, destrói casas e termina com o assassinato de dois lutadores pela terra, seu Mineiro e seu Tião.

Nos solidarizamos com a dor das famílias que, neste momento, além do Coronavírus, também precisaram sobreviver as faíscas que suas vidas se transformaram. 

É inaceitável que a luta pela terra, direito legítimo garantido na constituição, seja mais uma vez criminalizada e violentada de forma tão brutal com o aparato do estado. Mais grave é saber que nosso judiciário diante da sua morosidade acaba por legitimar essas ações violentas de quem alega ser proprietário e que usa o aparato do estado para intimidar e ameaçar famílias de trabalhadores rurais. 

A reforma agrária é um direito imposto pela Constituição e não pode ser suprimido por um Judiciário defensor da propriedade privada absoluta, por uma autarquia como o INCRA que de forma desleixada abandona os trabalhadores a própria sorte, por um governo federal que insufla o discurso de ódio contra os trabalhadores e todos os que lutam pela dignidade do acesso à terra.

É necessário uma Justiça que impeça a permanência dessas ações de intimidação, ameaça e assassinatos. Não podemos mais permitir que lideranças sem terra, quilombolas e indígenas continuem a serem assassinadas por um pedaço de terra!!!!

Exigimos o rigor na apuração desses assassinatos e justiça para as famílias que há anos lutam pela terra em que estão vivendo. 

Em um momento em que a sociedade se vê na obrigatoriedade ética do isolamento social, não podemos aceitar que ações bárbaras como a ocorrida no Acampamento Emiliano Zapata permaneçam sem uma resposta efetiva do estado. As famílias que dão suas vidas na luta pela terra para alimentar a nação merecem paz e respeito.

_A cada companheiro tombado, nem um minuto de silêncio, mais toda uma vida de luta!_

Foto: reprodução vídeo feito por trabalhador no assentamento Emiliano Zapata

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