Um dos participantes do I Simpósio SOS Brasil Soberano, o deputado federal (REDE-RJ) Alessandro Molon defendeu que não há solução imediata para a crise que o Brasil vive. Ele, no entanto, acredita que o caminho é resistência e a união. O evento foi realizado na sexta-feira (31) e foi organizado pelo SENGE-RJ e pela Fisenge.
“Estávamos acostumados a garantir avanços. Agora se conseguirmos impedir retrocessos, seremos heróis. Para resistir teremos que ter grandeza e humildade. Em cada luta teremos que buscar os aliados para aquela luta. Teremos que ter capacidade de buscar todos, não apenas quem pensa como nós”, disse.
Ao analisar o processo de impeachment de Dilma Rousseff, Alessandro Molon defendeu que isso é um reflexo das elites brasileiras. A abolição da escravidão foi considerada pelas elites, na época, com profundo repúdio.
“Foram quatro eleições em que as forças que se opunham a um projeto de nação generoso, solidário, em que o Brasil começou a saudar suas dívidas com aqueles que construíram o país. Eu digo começar porque a desigualdade do Brasil é tão profunda que não conseguiríamos acabar com ela em alguns anos. Isso não se muda de uma hora para outra. São forças ligadas a um projeto de país que é um projeto subalterno, que não acredita na soberania. Esse grupo não aceitou o resultado das eleições de 2014. No dia seguinte às eleições já tinha gente na rua falando de impeachment. E já se começa o movimento pelo impeachment. Ele nasce antes de qualquer coisa de pedalada fiscal. O movimento se aprofunda e encontra um aliado fundamental que chegou à Presidência da Câmara, Eduardo Cunha. Ele bloqueou qualquer possibilidade de recuperação do Brasil. Em janeiro de 2015, a opção do governo foi abraçar o que foi derrotado nas eleições, chamar Joaquim Levy para Ministro da Fazenda, atuando de maneira contrária ao que foi eleito e afastanto a presidenta eleita de sua base. Isso reforçou uma instabilidade política que foi crescendo até abril de 2016”, analisou.
O objetivo, segundo Molon, é implementar uma pauta que jamais venceria qualquer eleição direta no Brasil.
“Ninguém vai para a eleição com uma pauta como essa e ganha. Não vai chegar na campanha e falar: ‘eu quero fazer as pessoas trabalharem 49 anos, eu quero precarizar, eu quero terceirizar’. Por isso a pressa em aprovar tudo até as próximas eleições para que o candidato desse campo não precise defender isso. O trabalho sujo já terá sido feito”, analisou o deputado.
Molon defendeu, por fim, que a aprovação do projeto de terceirização, de 1998, é simbólico. Segundo ele, o objetivo é retomar o que foi parado em 2002, com a primeira eleição de Lula.
“O objetivo é a destruição do estado brasileiro, programa que foi derrotado em 2014. Não é apenas a pessoa que ocupa o cargo de presidente da República. É uma usurpação de poder total. É venda de terra para estrangeiros. O título desde simpósio é muito feliz, pois é capaz de ampliar o grupo de pessoas”, defendeu.