Aneel quer implementar energia pré-paga no país

Diretor do Senge fala sobre os prós e contras desse modelo

O sistema de pré-pagamento proposto pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) segue a mesma filosofia da usada na telefonia móvel. O consumidor poderá optar em ter uma conta fixa ou em adquirir créditos em postos de venda, que poderão ser inseridos no medidor eletrônico instalado pela distribuidora de energia elétrica.

O diretor do Sindicato dos Engenheiros no Rio de Janeiro (Senge-RJ), Clayton Vabo, participou de uma audiência pública, a respeito da implantação do pagamento antecipado de energia elétrica, no dia 19 de setembro. A consulta foi convocada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Clayton Vabo explica que esse método não é novo. Empresas como a Eletropaulo e Ligth já tentaram implantar o sistema no Brasil. “Houveram várias tentativas e todas deram erradas”. Ele conta que esse método serviria melhor para consumidores específicos, como: apart hotéis, condomínios de área de veraneio, entre outros. “Não vejo esse sistema em uma aplicação universal, jamais”.

O engenheiro acredita que é necessário discutir esse assunto com mais profundidade antes que este projeto seja viabilizado. Ele ressalta que não há clareza sobre a tarifa de consumo mínimo.

“Hoje em dia a pessoa que tiver o medidor monofásico, bifásico e trifásico em casa, mesmo deixando tudo desligado, é obrigada a pagar no fim do mês um valor mínimo de consumo. A concessionária entende como se ela estivesse, teoricamente, disponibilizado uma reserva de energia para aquela pessoa”, explica.

Benefícios e malefícios

O diretor do Senge-RJ acredita que, para as empresas, o único benefício seria que elas receberiam antes da energia ser consumida. Para o consumidor somente seria benéfico no caso de não haver a tarifa de consumo mínimo ou se houver um diferencial no valor tarifário.

Os malefícios para as concessionárias seria a substituição dos medidores, por serem diferentes do que são utilizados hoje em dia. Para o consumidor ficaria o inconveniente de acabar a energia no meio de uma atividade. “Para as pessoas terem esse tipo de controle é muito complicado”, ressalta Clayton.

Soluções

O engenheiro eletricista diz que a Aneel, ao invés de buscar esse tipo de medição pré-paga, deveria buscar uma medição diferenciada com uma tarifa reduzida. Uma possível solução, apresentada pelo engenheiro, seria o uso de tarifas diferenciadas nos horários de pico e nos de baixa demanda.

Fora dos horários de pico, Clayton sugere uma tarifa mais barata. Ele conta que esse método já é utilizado em diversos países da Europa, como a França, onde existem valores de consumo diferenciados em cada horário.

O diretor explica, ainda, que para isso deveria haver uma mudança na rotina dos brasileiros, que partiria de um processo pedagógico, com resposta a médio e longo prazo. “É uma realidade que precisa ser utilizada no país”, conclui.

 

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