Por Antonio Gerson, engenheiro mecânico, ex-presidente do Senge-RJ.
A palavra está na moda e, de fato, retrata bem o atual momento político vivido no país. Temos um presidente que não foi eleito diretamente pela população e que tem os mais altos índices de reprovação já vistos, mas é mantido no poder por uma maioria parlamentar em um Congresso que é também dos mais rejeitados. Tentam de todas as formas blindar o presidente das denúncias de corrupção, para em troca receberem recursos generosos liberados pelo governo para atender emendas destinadas aos seus redutos eleitorais e dos seus aliados, quase sempre tendo como resultado novos casos de corrupção.
Estes personagens “empoderados” agem com autoritarismo e como se tivessem o controle de tudo. Diariamente seguem tomando decisões e aprovando medidas que desconsideram a grande maioria da opinião pública que se manifesta, quando consegue, contrariamente a todas elas pois tentam retomar um projeto de país que não deu certo e que foi derrotado nas urnas.
Com a cumplicidade do poder econômico pacotes são aprovados perdoando dívidas junto a bancos públicos, promovendo regularização tributária de empresas devedoras da União com descontos imorais, que incentivam o calote e impedem arrecadação superior a 200 bilhões de reais, que terão de ser compensados com impostos pagos por cada um de nós e pelos sacrifícios que estão sendo exigidos com a terceirização generalizada, a reforma trabalhista e, com as mudanças propostas na reforma de previdência.
A perplexidade diante do caos instalado, do desemprego e do aumento da pobreza que nos obrigam a priorizar a luta imediatista pela sobrevivência, demonstra ser este o momento para a grande ofensiva daqueles que cobiçam nossas riquezas do pré-sal e algumas empresas estatais, que ainda conseguem impedir que o Brasil entre no caminho irreversível de subserviente provedor de alimentos e matérias primas fundamentais para os países ricos.
Por isso, necessitam reduzir a capacidade de atuação da Petrobras, fatiando a empresa e vendendo importantes ativos, privatizar a CEDAE para “salvar o falido estado do RJ”, a Casa da Moeda, e a Eletrobrás, seguindo aquele mesmo discurso oficial que já provou ser mentiroso mas, que repetido exaustivamente, e com o apoio de poderosos meios de comunicação, talvez consiga parecer verdadeiro e novamente iludir parte da população : “necessitamos de arrecadar recursos e reduzir os efeitos do gigantesco déficit projetado para os nossos próximos anos, para melhorar a educação, a saúde, o transporte público, a segurança, gerar mais empregos, aumentar a eficiência das empresas e reduzir os preços ao consumidor ”.
No entanto, o próprio governo através do Ministério de Minas e Energia, no caso da Eletrobrás, reconhece sem alarde que para garantir o interesse de possíveis compradores o custo da conta de luz, apesar de já bastante onerada por conta das privatizações anteriores, de distribuidoras e algumas geradoras, deverá aumentar ainda mais, mantendo o país no indesejável topo do ranking mundial.
A precária situação da classe trabalhadora e a pobreza explosiva causadas pela crise econômica e por esta crise política sem precedentes, serão os combustíveis para a retomada da capacidade de reação que não vai demorar a acontecer e virá novamente na forma de grandes manifestações demonstrando que a retomada no crescimento consistente da economia só acontecerá com a retomada da tranquilidade política, o que poderá ocorrer no país somente após novas eleições, ocasião em que o “empoderado” será o povo brasileiro !