Câmara aprova marco legal do saneamento e abre caminho para a privatização da água

Parlamentares da oposição protestam. "Aqueles que defendem privatização escondem que 884 serviços foram reestatizados no mundo desde 2000”, disse Glauber Braga
Fonte: Rede Brasil Atual (RBA-2/12/2019)
Deputados da oposição ao governo de Jair Bolsonaro alertam que a aprovação do texto-base do projeto que estabelece o marco legal do saneamento pelo plenário da Câmara, na noite desta quarta-feira (11), abre caminho para que empresas possam atuar livremente no setor e estabelecer os preços que quiserem pela água distribuída à população.
Com amplo apoio do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) o texto-base do projeto para que a iniciativa privada tenha mais abertura para atuar na área foi aprovado por 276 votos a 124, em votação no plenário da Câmara dos Deputados.
Um dos principais pontos do projeto é o que estabelece como obrigatória a licitação dos serviços de saneamento, abrindo uma espécie de concorrência entre as empresas privadas e as estatais. Atualmente, os gestores podem optar por celebrar contratos de saneamento diretamente com as estatais, sem a necessidade de licitação.
Imediatamente após a aprovação do novo marco legal do saneamento, parlamentares da oposição manifestaram preocupação com suas implicações. “Absurdo! Acabam de aprovar o texto principal do projeto que abre portas pra privatizar a água em todo o país. Aqueles que defendem privatização, escondem que 884 serviços foram reestatizados no mundo desde o ano 2000. Seguimos resistindo, semana que vem, na votação dos destaques”, disse o deputado Glauber Braga (PSOL), nas redes sociais.
Também pelas redes sociais, a deputada Erika Kokay (PT) alertou que a provação do projeto irá resultar no aumento das tarifas cobradas junto à população. “Câmara Federal decide: está privatizada a água em todo o território nacional! O resultado será: aumento da tarifa e desabastecimento; Água é vida, um direito fundamental. Água não é mercadoria, nem pode ficar sob a lógica do lucro! Votei NÃO a esse retrocesso histórico que vai penalizar, sobretudo, os mais pobres”.
A versão aprovada – que foi parcialmente modificada em relação ao que o governo queria – não libera a privatização dos serviços imediatamente, mas prevê que, até o fim de março de 2022, companhias estaduais que já operaram no saneamento de um município poderão renovar o contrato por até 30 anos, desde que a renovação seja solicitada até março de 2022.
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