Carta aberta dos trabalhadores da EPE à sociedade

Audiência de mediação com a empresa será realizada amanhã (10/11), às 9h, no MPT

Os sindicatos de trabalhadores da EPE e representantes da empresa se reunirão amanhã (10), às 9h, em uma audiência de mediação que acontecerá no Ministério Público do Trabalho (MPT). A reunião será realizada no sexto dia da greve dos funcionários, iniciada na quarta-feira passada (04).

Leia abaixo o manifesto dos trabalhadores, publicado em sua página no facebook.

 

CARTA ABERTA ÀS INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS, AOS MOVIMENTOS SOCIAIS E À POPULAÇÃO EM GERAL

EPE EM GREVE

Paramos de trabalhar, mas continuamos com energia para lutar

 

Veja abaixo as respostas a 3 perguntas básicas que têm a ver com você e todos nós, cidadãos brasileiros.

 

– O que é, ou quem é a EPE?

A Empresa de Pesquisa Energética (EPE), empresa pública federal, vinculada ao Ministério de Minas e Energia, dedica-se à elaboração de estudos e pesquisas destinadas a subsidiar o Planejamento Energético no país. Criada em 2004, por meio da lei nº 10.847, e regulamentada pelo Decreto no. 5.184/2004, a EPE representa uma resposta do Estado Brasileiro às condições que levaram à crise e racionamento energético em 2001. Nesse sentido, nos 11 anos de existência, a EPE foi fundamental na construção de uma visão sistêmica e agregada do planejamento de médio e longo prazos, determinante para a formulação de diretrizes e políticas setoriais governamentais na área de energia. Assumiu funções tais como: colaborar com os leilões de energia elétrica e de linhas de transmissão, os Planos Decenais de Energia (PDEs), os Planos Nacionais de Energia (PNEs), Plano de Decenal de Expansão a Malha de Transporte Dutoviário (PEMAT), e elaboração do Balanço Energético (BEN) – fundamentais para ampliação do acesso de energia e segurança no abastecimento energético.

 

– Quem somos nós, funcionários da EPE?

Somos o capital social, o maior ativo da EPE – produzimos conhecimento. Para nos tornarmos funcionários, passamos por rigoroso processo de seleção, por meio de concurso público de provas e de títulos. Títulos estes que não são valorizados após a entrada na empresa. Formamos um quadro de funcionários qualificados e especializados nos temas energia e meio ambiente. A maioria dos empregados tem qualificação acadêmica (Pós graduação, Mestrado e Doutorado), além de experiência profissional relevante para o desempenho de suas funções. Contamos também com profissionais de nível médio e de suporte. Somos apaixonados pelo que fazemos: trabalhar com planejamento energético, e contribuir para o progresso e o desenvolvimento energético e socioeconômico do país.

 

– Por que estamos em greve e o que pedimos?

Sendo um centro de excelência na área energética e ambiental, o natural, portanto, seria que o corpo de empregados da EPE, pela crescente importância que a empresa assume no cenário nacional, viesse a usufruir de uma melhor perspectiva de carreira, aliada a uma crescente valorização profissional. No entanto, a cada ciclo de negociação, enfrentamos imensas dificuldades nesse diálogo, mesmo para propostas de escopo não econômico que visem melhores condições internas de trabalho. Apesar da nossa data base ser 1º de maio, agora em novembro ainda nos encontramos no processo de negociação. Desde sempre convivemos com a inexistência de um Plano de Cargos e Salários que seja condizente com a relevância de nosso trabalho para o setor energético nacional.

Pedimos a valorização de nosso trabalho, traduzida em medidas econômicas e não econômicas, pois acreditamos que o capital humano da EPE é um patrimônio do Estado Brasileiro e deve ser preservado.

Já apresentamos por diversas ocasiões nossos pedidos à empresa, tendo recebido, via de regra, apenas retornos evasivos e em desalinhamento com as melhores práticas atuais de gestão de pessoas, seja no setor público, seja no setor privado. A confluência destas frágeis condições de trabalho e da falta de perspectiva resulta em evasão do conhecimento, perda de eficiência e custos para a sociedade brasileira, decorrentes da alta rotatividade dos funcionários. Devido a essa contínua falta de valorização e dificuldade de diálogo, decidimos realizar esta paralisação por tempo indeterminado.

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