Estamos vivendo um dos momentos mais difíceis da nossa História. Acabamos de assistir a um triste e lamentável golpe na nossa ainda tênue democracia. Ao afastar uma presidenta eleita com 54 milhões de votos, a direita brasileira, juntamente com a oligarquia midiática, mostrou ao mundo o quão frágeis são a nossa democracia e as nossas instituições públicas.
O povo brasileiro ainda não se deu conta do que realmente está em jogo nesse golpe. No campo internacional, certamente, perderemos o pré-sal e os BRICs [bloco econômico composto por Brasil, Rússia, Índia e China], além de toda a articulação para os projetos de desenvolvimento da América Latina. Um informe público do FMI (Fundo Monetário Internacional) aponta a perda de hegemonia dos EUA na economia global e o avanço dos BRICs. De acordo com os dados, pela primeira vez, a China ultrapassa os EUA e aparece em primeiro lugar, acumulando pouco mais de 20 trilhões. O fortalecimento dos BRICs é fundamental para a ampliação dos investimentos em infraestrutura no país. Percebemos que outras potências começam a surgir no ranking econômico mundial.
As conquistas dos trabalhadores no campo social sofrerão retrocesso. Os programas sociais como o “Minha Casa, Minha Vida” e o “Bolsa Família” serão reduzidos ao mínimo. Na área de saúde, o “Mais Médicos” será extinto. O fim de programas de distribuição de renda poderá produzir um efeito cascata na economia. Isso porque irá reduzir mercado, diminuir o consumo e desestimular o comércio local.
A economia precisa de mudanças profundas como a diminuição urgente da taxa de juros, uma auditoria cidadã da dívida pública, investimento em infraestrutura e o fortalecimento da política de alianças na América Latina. Por outro lado, para a garantia da soberania nacional é essencial o estímulo à produção tecnológica e à engenharia brasileira.
Cerraremos fileiras com aqueles que lutarão para derrubar esse governo golpista e ilegítimo. A força de um povo é medida pela sua capacidade de resistência e luta e seguiremos nas ruas fortalecendo o grito uníssono de: Fora Temer!
Clovis Nascimento é engenheiro civil e sanitarista e presidente da Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge)