Com retomada da Refinaria Abreu e Lima, 2024 é o ‘ano da colheita’, diz Lula

Em Pernambuco, presidente afirmou que a Lava Jato, que paralisou por uma década os investimentos da Petrobras, agiu “mancomunada” com os Estados Unidos. E chamou Bolsonaro de “psicopata”

 

Ao participar nesta quinta-feira (18) da cerimônia de retomada das obras da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Ipojuca, litoral sul de Pernambuco, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o seu governo está “apenas começando”. Ele disse que 2023 foi o ano de “recuperação”, de “limpar o terreno e plantar coisas novas”. Este ano, segundo o presidente, será o “ano da colheita”.

“Este ano é o ano da colheita. E a primeira árvore frondosa que estamos colhendo é a ampliação da Rnest”, disse Lula a uma plateia tomada por trabalhadores da Petrobras. Com as obras de ampliação, incluindo a construção do segundo trem da refinaria, a Rnest vai faturar cerca de US$ 100 bilhões ao ano, destacou o presidente.

Lula criticou os “10 anos de atraso” nos investimentos da Petrobras, causados pela Operação Lava Jato, levando o país a uma crise econômica, social e política, que culminou com a eleição do ex-presidente Jair Bolsonaro, a quem chamou de “psicopata”. “Quanto salário deixou de ser pago, quantas pessoas perderam benefícios nesse país? Quanto que esse país perdeu na sua competitividade internacional, até chegar ao ponto da gente eleger um psicopata para ser presidente da República”, questionou.

De acordo com o presidente, a Lava Jato, que culminou com a sua prisão ilegal, foi uma “mancomunação” entre “alguns juízes e promotores” do Brasil, com o “Departamento de Justiça dos Estados Unidos”, que “nunca aceitaram o Brasil ter uma empresa como a Petrobras”.

“Complexo de vira-lata”

“Eles não queriam que a gente tivesse a Petrobras em 1953. É só ler o editorial do Estado de S. Paulo daquela época que eles vão dizer que o Brasil não precisava de petróleo”, afirmou. Lula criticou também as elites brasileiras, “uma elite com complexo de vira-lata, subordinada aos interesses dos outros, e com pouco interesse nesse país”.

Disse ainda que as pessoas que o acusaram estão “apodrecendo”, “porque sabem que mentiram, e sabem que o inferno os aguarda, por tanta mentira que contaram”. Ao mesmo tempo, também lamentou o comportamento de amplos setores da imprensa brasileira, que deram suporte às “mentiras” da Lava Jato.

Rememorando sua trajetória, Lula disse que cometeram duas “burrices” contra ele: quando o prenderam, em 1980, como forma de sufocar uma greve dos metalúrgicos, no ABC paulista, mas a greve se estendeu ainda mais. E quando a Lava Jato o prendeu, novamente, em 2018. “Quem me prendeu que arque com as consequências, porque um dia vai ter que rever essa posição. E a posição foi revista, eu estou aqui: o único brasileiro eleito presidente da República por três mandatos”.

Retomada e superação

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse que tanto Lula como a Rnest são retratos de “superação”. Com as obras de ampliação e modernização da refinaria, afirmou que a unidade será a segunda maior do mundo, e a mais moderna do continente americano.

Serão US$ 17 bilhões de investimentos em quatro anos. Assim, as obras da Rnest, incluindo o segundo trem, vão ampliar em até 40% a produção nacional de diesel. Dentre todas as refinarias do país, a Rnest já é a mais eficiente, com a maior taxa de conversão de petróleo cru em diesel (70%). Para Prates, trata-se de um passo fundamental rumo à tão almejada autossuficiência na produção de diesel no país.

Ele ainda classificou a Rnest como a “refinaria do futuro”. “Sabe o que vai ter aqui? Energia líquida. Isso aqui (a refinaria) não faz só combustível fóssil. Hoje o mais acessível para a população ainda é o derivado de petróleo. Mas essa refinaria vai produzir hidrogênio verde, vai produzir e-metanol – combustível do futuro dos navios. Essa refinaria vai produzir diesel renovável 100% de origem vegetal. E não é com uma planta pequena, mas com uma refinaria de 260 mil barris dia, uma máquina maravilhosa, que vocês operam e que os filhos e netos estarão operando”.

Realização de um “sonho”

Para o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, a retomada das obras na Rnest é a realização de “um sonho”, que a Lava Jato tentou destruir. “Essa obra ficou paralisada por anos, um crime contra a nossa Petrobras, um crime contra o Brasil. Com certeza, os que cometeram esse e outros crimes, inclusive contra o presidente Lula, pagarão por isso”, disse.

Bacelar afirmou ainda que a Rnest é “gigantesca”, e que o faturamento da refinaria vai superar os investimentos na construção do trem 2 em apenas um ano e meio após a conclusão das obras. “Para além do diesel e dos lubrificantes. Teremos renováveis também.”

Fonte: Rede Brasil de Fato
Texto: Tiago Pereira/RBA

 

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