“Hora de ouvir umas verdades que o vacilão da fake não quer te contar, bebê”. O texto é de um post do perfil oficial do Banco Central no X/Twitter. Não parou por aí. Contrariando a vontade de Ellon Musk, que recentemente pediu que os usuários parassem de usá-las porque ele as acha feias, a conta utilizou hashtags inteligentes e descontraídas, como #descerPraBC e #SaiDeMimFakeNews, ao lado de outras mais sérias, como #NãoTemTaxa e #SeuSigiloÉSagrado”. Uma delas se destaca: com “#DeixaMeuPìxEmPaz”, o Bacen encontra usuários que estão, na verdade, buscando e se conectando com perfis críticos, garantindo o encontro com parte de um público “do outro lado”. São esses encontros que podem mudar opiniões.
A pegada informal e acessível não foi consenso – como nada é no X. Os críticos argumentaram que uma entidade de tamanha responsabilidade deveria adotar um discurso técnico e formal, questionando se o conteúdo alcançaria os investidores. Paulo Loiloa, estrategista político e consultor em campanhas e mandatos que incluem a última disputa do presidente Lula e Tainá de Paula e em entidades que vão do MST ao RenovaBR, discorda.
Para Loiola, “A gestão de mídias do Bacen foi uma das poucas que entendeu bem o conceito da segmentação pra chegar a um público. O dela é jovem, usa gírias, está conectado, quer opinião porque está formando a dele próprio”. Em seu perfil no LinkedIn, ele destacou, ainda, que o Bacen tem outros meios e mídias para chegar aos investidores. No X, seu público era outro e o post foi pensado para acertar em cheio nele. “Para chegar no investidor você pode usar influenciadores, notas mais técnicas, parcerias com bancos, podcasts da área, tráfego pago, colabs, canal próprio no YouTube, etc. Se a comunicação tentar chegar em todo mundo não vai chegar em ninguém”, apontou.
Também em 15 de janeiro, o banco apostou em vídeo repleto de memes para desmentir o deputado de extrema-direita.
https://x.com/BancoCentralBR/status/1879636236748660963
Texto: Rodrigo Mariano/Senge RJ |
