A OAB-RJ sediou nesta segunda-feira, dia 24, um ato público com o objetivo de criar um comitê de mobilização pela reforma política. A atividade teve a participação de cerca de 600 pessoas. Entre elas estavam representantes diversas entidades de classe, partidos políticos, centrais sindicais e representantes de movimentos sociais e do movimento estudantil pela reforma política. O diretor do Senge-RJ, José Stelbento Soares, esteve na mesa.
O comitê será presidido pelo conselheiro federal Wadih Damous e terá sua sede na Seccional. O financiamento público de campanha, além da transparência no uso dos recursos públicos foram temas debatidos pelos participantes, além da crise de representatividade dos partidos e da promoção de ações para resgatar o compromisso dos governos com a sociedade – pontos que também serão pautas de trabalho do comitê. O grupo será integrado por centrais sindicais, representantes do movimento estudantil, partidos políticos e por representantes da OAB/RJ. A iniciativa da entidade surgiu após as manifestações que tomaram as ruas do país nos últimos dias.
“Esse ato tinha a intenção de mobilizar e ouvir. Vivemos um momento de perplexidade em que todos devem ser ouvidos. Uma pena que algumas pessoas não querem ser ouvidas. Alguns políticos estão escondidos desde semana passada, aconselhados por seus gestores de imagem a não estar nas ruas para não sofrer críticas. Se os políticos fingirem que esse grito de alerta não é com eles, esse sentimento voltará no futuro, com ainda mais força”, disse o presidente da OAB/RJ, Felipe Santa Cruz.
Para ele, enquanto alguns setores apostam na fúria das ruas, o momento pede que se aposte na esperança. “Semana passada, nossa preocupação foi com a liberdade de manifestação. Como entidade preocupada com a democracia, achamos que o momento é de esperança. Mas essa esperança só irá se concretizar através do compromisso com a democracia. Agradecemos a presença dos partidos políticos, que são fundamentais inclusive para garantir a voz das ruas”, acrescentou.
A violência da polícia contra manifestantes e de alguns desses contra integrantes de partidos foi lembrada por Felipe como ponto negativo das passeatas. Ele ressaltou, ainda, o trabalho realizado por mais de cem advogados para impedir prisões arbitrárias, coordenado pela Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária (CDHAJ) da entidade.
Presidente da Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal, Wadih Damous destacou que a ocupação das ruas não é ameaça, mas fortalecimento da democracia. Segundo ele, o que existe é uma crise do modelo representativo.”O povo não está se sentindo partícipe da construção democrática. A participação popular não pode se resumir a votar e voltar pra casa”, argumentou.
A mesa foi composta por Felipe Santa Cruz, Wadih Damous, pelo secretário geral da Seccional, Marcus Vinícius Cordeiro, além de representantes de algumas das entidades presentes, como a presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj), Márcia Rosa; o presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio de Janeiro (CAU/RJ), Sidney Menezes; o representante do Centro Acadêmico Cândido de Oliveira Leonardo Guimarães; o presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB/RJ), Maurício Ramos; e o vice-presidente da Associação Brasileira de Educação (ABE), João Pessoa de Albuquerque.
Com informações da redação da Tribuna do Advogado