Defesa de 3 dias de descanso e críticas ao ministro do Trabalho marcam atos contra escala 6×1

Protestos foram organizados em ao menos 14 capitais e 17 cidades no interior dos estados brasileiros

Carros de som, bandeiras de entidades sindicais e partidos políticos de esquerda, presença de parlamentares e de membros do movimento Vida Além do Trabalho (VAT) entre os manifestantes marcaram os atos pelo fim da escala 6×1, realizados em ao menos 31 cidades nesta sexta-feira (15).

Depois de a pressão nas redes sociais arrancar na Câmara dos Deputados a superação das 171 assinaturas necessárias para fazer tramitar a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) de Erika Hilton (Psol) na última quarta (13), a força das ruas é testada neste feriado de Proclamação da República.

“Isso aqui é sobre a classe que mantém esse país”, discursou Rick Azevedo, na Cinelândia, no Rio de Janeiro. “Eu não quero que me escutem como fundador do movimento VAT, quero que me escutem como trabalhador que trabalhou 12 anos na escala 6×1”, afirmou o recém-eleito vereador pelo Psol na capital carioca. “Escala 6×1 é uma escala escravocrata, desmana, exploratória, que acaba com a vida dos trabalhadores, em especial as mães”, disse Rick, no caminhão do som.

Além da pauta principal do fim do regime de seis dias trabalhados para um de folga, cartazes e gritos de ordem pelo país defenderam a escala de 4×3, denunciaram a reforma trabalhista aprovada em 2017 e criticaram a recente fala do ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, a respeito do tema.

Em Belo Horizonte (MG), na praça 7, manifestantes entoaram: “Que contradição, tem ministro do Trabalho que é contra a redução”. Na última segunda-feira (11), Marinho defendeu que a escala de trabalho deve ser negociada diretamente entre empregados e empregadores em acordos coletivos e convenções.

Após repercussão negativa e o boom de assinaturas da PEC, o ministro postou, na quinta-feira (14), um vídeo em que defende o fim da escala 6×1.

Em algumas cidades, ativistas com camisas e faixas de organizações partidárias e sindicais como Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB) e Central Única dos Trabalhadores (CUT) se misturaram com manifestantes menos majoritários com bandeiras e camisas do Brasil. Foi o caso, por exemplo, do ato que ocorreu em Manaus (AM).

Entre cartazes com dizeres como “pelo direito de viver, não sobreviver”, uma jovem manifestante na capital amazonense carregava uma cartolina com a frase “acima da ideologia, a dignidade do cidadão”. Ao som do Maracatu Pedra Encantada, discursaram figuras da política institucional como o vereador eleito Zé Ricardo (PT) e a indígena Vanda Witoto (Rede).

Outras capitais escolheram shoppings, espaços conhecidos pela larga jornada de trabalho e salários precários, como local do protesto. Em Belém, o ato entrou no shopping da cidade. Em Brasília, a concentração começou na Rodoviária do Plano Piloto e caminhou até o Shopping Conjunto Nacional. Confira abaixo a lista de cidades em que houve manifestação.

Próximos passos da PEC 

Ainda que tenha passado de 200 assinaturas de deputados federais, a PEC pelo fim da escala 6×1 ainda não foi protocolada na Câmara. Em coletiva de imprensa, Erika Hilton afirmou que nova rodada de negociações com mais parlamentares que demonstraram interesse em assinar devem preceder a apresentação oficial.

Para tramitar na Câmara, a PEC precisa ter o texto admitido na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Em seguida, ter seu mérito aprovado em comissão especial. Aí então poderá seguir para o plenário, onde sua aprovação depende de ao menos 308 votos, em dois turnos de votação.

Cidades com ato pelo fim da escala 6×1

Capitais: 

Rio de Janeiro (RJ)

São Paulo (SP)

Fortaleza (CE)

Brasília (DF)

Vitória (ES)

Porto Alegre (RS)

Recife (PE)

Salvador (BA)

Aracajú (SE)

Belém (PA)

Belo Horizonte (MG)

Curitiba (PR)

Florianópolis (SC)

Manaus (AM)

Cidades do interior por estado: 

Feira de Santana (BA)

Itabuna (BA)

Ilhéus (BA)

Uberlândia (MG)

Divinópolis (MG)

Uberaba (MG)

Ituiutaba (MG)

Pouso Alegre (MG)

Juiz de Fora (MG)

Ribeirão Preto (SP)

Diadema (SP)

Campinas (SP)

Sorocaba (SP)

Barueri (SP)

Caruaru (PE)

Garanhuns (PE)

Petrolina (PE)

Fonte: Brasil de Fato | Edição: Thalita Pires

Pular para o conteúdo