Os diretores do Senge-RJ se reuniram, na última terça-feira (23), para discutir as consequências das medidas provisórias 577 e 579. Também participaram da reunião Fábio Resende, ex-diretor de Furnas, e Jéssica Naime, técnica do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Fábio Resende defendeu que as medidas foram feitas por pessoas que não entendem o real funcionamento do setor elétrico e que não houve debate com a sociedade.
“O Mário Veiga, por exemplo, é um cara que veio Cepel, é inteligente, competente. Mas nunca colocou o pé numa subestação, não sabe o que custa botar isso aceso”, criticou Fábio. “Não teve um debate, não teve um audiência pública. Foi uma coisa de autoritarismo total.”
A técnica do Dieese destacou que a terceirização é outro problema do setor. Segundo Jéssica, quando se analisa o número total de acidentes fatais, o percentual dos que ocorrem entre os terceirizados é considerado alto.
“Em 2009, 94% dos acidentes fatais aconteceram entre terceirizados. Eles são submetidos a questões de metas que têm que ser cumpridas e a pessoa acaba passando por cima de um monte de procedimentos de segurança”, analisa Jéssica.
Ainda segundo ela, mais de 100 empregados morrem todos os anos em decorrência de acidentes de trabalho no setor elétrico.
“É um Carandiru por ano”, diz Gunter de Moura Angelkorte, diretor do Senge-RJ, se referindo à rebelião na prisão em São Paulo, que matou 111 presos, em 1992.